CHARANGA DOMINGUEIRA de 22-05-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 22/05/2016
Horário 11:49
 

O ITAMARATY MOSTRA OS DENTES


Já houve um tempo em que o Ministério de Relações Exteriores, o Itamaraty em linguagem simplificada, era uma das entidades mais respeitadas do Brasil. Depois da Independência nosso primeiro chanceler foi José Bonifácio de Andrada e Silva e seu substituto foi Quintino Bocaiuva. Figuras do nível de José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, construíram uma linha de brasileiros que no presente contaram com nomes do nível de San Tiago Dantas a Fernando Henrique Cardoso, ou seja, mesmo em tempos incertos a voz do Brasil era respeitada. Depois o Itamaraty desceu as encostas da montanha. Passamos a nos entender em acertos com o que há de pior na América Latina e perdemos até uma condição de liderança natural que um país de dimensões continentais, de população imensa como o nosso tem de exercer. Andamos levando cano de países com regimes indefinidos, caso do Coronel Chaves, ditador enrustido da Venezuela e que nos passou o beiço em obras como a Refinaria Abreu e Lima enrolando Lula e por consequência o povo brasileiro. Aceitamos que Evo Morales, o presidente boliviano, invadisse reduto da Petrobrás em seu país e o Brasil ainda deu algum troco e só faltou pedir desculpas, se é que não pediu. O Equador também andou tirando suas casquinhas em cima de quem? Da então milionária e hoje destroçada Petrobrás. Em temas como a compra da Refinaria de Pasadena sequer foi consultado. Agora, com o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff, enquadrado nas leis constitucionais brasileiras alguns desses países abriram o bico e se julgaram juízes de decisões aqui embasadas em suportes absolutamente legais, tenha o destino que tiver o processo que corre no Senado. Estão palpitando em cima da soberania alheia. Cuba, Venezuela, Nicarágua, El Salvador, Bolívia e Equador, países que receberam favores indevidos do Brasil consideraram-se em condições de se julgar merecedores de crédito internacional para criticar as decisões aqui tomadas no mais irrestrito princípio legal. Alguns como Venezuela e El Salvador chegaram a convocar seus embaixadores numa atitude intimidatória e provocativa aos olhos do direito internacional. Ainda bem que desta feita o Itamaraty não tem mais explícita entre suas atitudes as determinaçõs de uma figura como Marco Aurélio "top-top" Garcia e de bate-pronto respondeu a esses países e aos demais do concerto universal explicando que tudo aquilo que por aqui está rolando é legal e não pode ser objeto de juízo de terceiros. Finalmente, convenhamos: antes só do que mal acompanhado.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço

 
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