Até o dia 26 de fevereiro os prudentinos poderão colaborar de forma ativa com o desenvolvimento socioeconômico da cidade por meio de um novo portal da Prefeitura, no qual os munícipes poderão encaminhar sugestões de prioridades a serem incluídas na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o ano que vem, por meio de uma audiência pública eletrônica. A medida é bastante inovadora e extremamente importante, pois consiste em um canal direto de comunicação entre os moradores da cidade e os responsáveis pela administração pública.
A população frequentemente cobra o Executivo das mais diversas responsabilidades: desde o buraco na rua sem recapeamento, ao acúmulo de resíduos de forma irregular nos “lixões clandestinos”, até à frequência de casos de dengue na cidade. No entanto, às vezes essas demandas reverberam um pouco do desconhecimento da população a respeito do papel do Executivo e suas responsabilidades.
A arrecadação, ainda que seja gorda no âmbito federal, é pouco aproveitada pelas Prefeituras, que acabam tendo a maior parte das responsabilidades e a recebem a menor parcela do bolo tributário. É importante compreender que existem limitações orçamentárias e que priorizar uma área significa necessariamente (nesses tempos de crise) em abrir mão de outros setores.
A título de exemplo, quando o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) anunciou a inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Zona Norte ele informou que não havia possibilidade de expandir o antigo programa de recapeamento da gestão anterior, diante do alto custo de manutenção do local. Isso significa que escolhas têm suas consequências de modo que é importante que a população sinalize com clareza quais setores precisam de mais atenção e investimento pelo governo, o que essa nova ferramenta online viabiliza.
Exercer cidadania não é apenas cobrar, reclamar, se mobilizar e manifestar (como muitos acreditam), mas consiste também em saber seus direitos e deveres, buscar fatos e informações suficientes para embasar as opiniões e análises a respeito das áreas da administração pública, bem como as demandas. A ignorância de muitos é o que leva cidadãos a cobrar de órgãos ações que são de competência de outros, a apresentar suas necessidades de forma confusa e embaralhada, atrasando ou até inviabilizando o atendimento das mesmas, diante do ruído na comunicação.
É evidente que existe moleza, preguiça e negligência de diversos departamentos do Executivo, mas há também deficiências no contato entre os poderes e a população que aprofundam ainda mais esse abismo. No fim das contas, o que falta é a compreensão do que é, de fato, ser cidadão. Não é falar alto, nem depredar, nem vandalizar ou destruir. É ter consciência (de si e do outro) e construir pontes.