Com acervo de 11 mil peças arqueológicas, novo museu de Epitácio será sustentável e interativo

Projeto desenvolvido por pesquisadores da Unesp inclui piso translúcido, possibilidade de instalação de impressoras 3D e acessibilidade e tecnologias para auxiliar PCDs

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 07/02/2024
Horário 14:42
Foto: Divulgação
Segundo Prefeitura de Epitácio, obra já está em fase de licitação
Segundo Prefeitura de Epitácio, obra já está em fase de licitação

Um museu sustentável, inovador, interativo, acessível e com um acervo de 11 mil peças arqueológicas. É o que chama a atenção no novo MAHOP (Museu Arqueológico e Histórico do Oeste Paulista), que será construído em Presidente Epitácio, com base em projeto desenvolvido por pesquisadores de dois campi da Unesp (Universidade Estadual Paulista): a FCT (Faculdade de Ciências e Tecnologia) de Prudente e a FEC (Faculdade de Engenharia e Ciências) de Rosana.

Segundo o professor e pós-doutorando da FCT, Jean Ítalo de Araújo Cabrera, um dos idealizadores do projeto, a construção de museus com práticas sustentáveis e inovadoras pode ter um impacto positivo no meio ambiente. “Isso não apenas demonstra responsabilidade ambiental, mas também inspira visitantes a considerarem questões relacionadas à sustentabilidade. Com esse conceito, podemos atrair investimentos e parcerias de empresas e organizações interessadas em apoiar projetos visionários”, expõe.

Além do pesquisador Jean, participam do projeto as professoras Ruth Künzli e Rosângela Cortez, da FEC de Rosana; Cássia Furlan (PSD), prefeita da Estância Turística de Epitácio; Sérgio Antônio Maroto, secretário de Planejamento e Meio Ambiente; Luiz Raizaro, arquiteto da Prefeitura; e representantes da Caixa Econômica Federal e do Ministério Público Federal.

“O próximo passo do projeto é a fase de construção, pois a verba já foi liberada. Agora, cabe à Prefeitura licitar a obra, bem como contratar pessoal capacitado para acompanhar as etapas subsequentes até o final da construção e sua inauguração”, explica Jean. 

Segundo a prefeita de Epitácio, Cássia Furlan, a obra já está em fase de licitação. “Além da parte histórica e cultural, o museu vai agregar um valor enorme por sermos estância turística. Essa forma de visita in loco vai atrair visitantes, que terão uma experiência única, pois os achados estarão como foram encontrados. Também pretendemos oferecer cursos no local, em parceria com professores da Unesp”, adianta. 

Como será

O acervo arqueológico do museu vai reunir materiais históricos revelados pelas escavações na região, como urnas funerárias, cerâmicas, material malacológico (relativo ao ramo da biologia que estuda os moluscos), pedras lascadas e polidas, ferramentas e vasilhas.

Jean explica que o propósito é construir um espaço interativo, visto que o projeto prevê um piso translúcido, que permitirá às pessoas visualizar o solo abaixo enquanto caminham, com informações sobre as peças em exibição por meio de dispositivos tecnológicos. “Há, também, a possibilidade de instalações de impressoras 3D, que permitam a impressão de cópias de artefatos do museu, que podem ser comercializados como lembranças. E o aspecto da acessibilidade também está contemplado desde a concepção da planta da construção. O espaço contará com tecnologias que vão auxiliar e estimular os visitantes PCDs [pessoas com deficiência] durante a excursão, como placas com textos em braille, que permitirão às pessoas com deficiência visual identificar corretamente os materiais expostos”, relata.

Identidade comunitária

A iniciativa de criação do museu surgiu durante os trabalhos de escavação no Sítio Arqueológico Lagoa São Paulo – 02, em Epitácio, ainda na fase 2 do Projeto de Salvamento Arqueológico de Porto Primavera.

Segundo Jean, foram evidenciadas algumas estruturas de sepultamento com características únicas, além de restos de fogueira e outros tipos de estruturas. “Para não perder informações importantes durante o processo de retirada desse material, se aventou a possibilidade da construção de um museu no local com exposição a céu aberto para a preservação do patrimônio arqueológico e, assim, contribuir para a divulgação com a comunidade. A preservação e exibição do patrimônio local nos museus ajudam a construir a identidade comunitária. Isso fortalece o senso de pertencimento e orgulho entre os residentes locais”, pondera. 

Contribuições sociais

O objetivo é oferecer aprendizado fora do ambiente escolar e transmitir conhecimentos sobre ciência, arte, história e outros temas. “Também, oferecer exposições que destacam a diversidade cultural, promover artistas locais e proporcionar experiências estéticas e criativas. Lembrando também que museus podem ser locais de inclusão social, proporcionando acesso a diferentes segmentos da comunidade”, explica Jean. 

O MAHOP também tem a finalidade de desempenhar um papel importante como centro de pesquisa, contribuindo para o avanço do conhecimento em diversas áreas, além de oferecer recursos e oportunidades para acadêmicos, pesquisadores e estudantes, fazendo com que possam ser abordadas questões sociais, culturais e históricas e estimulando o diálogo e a reflexão crítica. Além disso, há também o grande desenvolvimento econômico que irá impulsionar a indústria do turismo na região.

“Então, a construção de um museu com um conceito inovador não apenas enriquece a experiência dos visitantes, mas também contribui para o desenvolvimento cultural, educacional e econômico da comunidade. A inovação permite que os museus evoluam e se adaptem às mudanças na sociedade, mantendo-se relevantes e inspiradores”, complementa o professor. 

A FCT/Unesp já opera dois museus arqueológicos na região. São eles o MAR (Museu de Arqueologia Regional) e o CEMAARQ (Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia), em Prudente.

Foto: Cedida - Pesquisadores desenvolveram projeto para construção do novo MAHOP

Foto: Cedida - Acervo arqueológico do museu vai reunir materiais históricos revelados pelas escavações na região

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