Com desafios, mulheres se destacam na sociedade

Como exemplo desta perspectiva positiva, Monia Daniela atrela trabalho, residência, filhos, e arte, por meio da confecção de mandalas

VARIEDADES - Estevão Salomão

Data 08/03/2016
Horário 09:09
 

Quem nunca ouviu falar da Afrodite ou Vênus de Milo, a deusa do amor, esculpida durante o final do período helenístico no século 18, ou se encantado com os segredos da obra Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, retratada por volta de 1503. Quantas leituras já influenciaram pensamentos através de lideres como Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 2014, e Valentina Tereshkova, a primeira mulher a viajar para o espaço, em 1963. Diversas foram as Marias, Amélias, Luizas, Madalenas e Gabrielas que por muitas vezes inspiraram canções da MPB (Música Popular Brasileira). Uma prova de que, como já dizia o arquiteto Oscar Niemeyer, "não há nada mais importante que a mulher". E para comemorar o Dia da Mulher, celebrado hoje em todo o mundo, O Imparcialretoma a trajetória histórica das mulheres até os dias atuais.

Jornal O Imparcial Monia é mãe de duas crianças e arruma tempo para se dedicar à arte e fazer mandalas

Impensável seria, no começo do século 20, que mulheres têm o direito do voto, possuem média de escolaridade maior que a dos homens, estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, sobretudo em altos cargos, e que, inclusive, são governantes de uma nação, como acontece atualmente em paises como o Brasil, Jamaica, Chile, Libéria, Noruega, Dinamarca, entre outros continentes liderados pelo gênero feminino.

Entretanto, apesar da análise otimista, de acordo com o educador e sociólogo, Luiz Antonio Sobreiro Cabreira, 52 anos, a "realidade nem sempre foi assim", e a mesma ainda oferece dois grandes desafios para as mulheres, sendo eles, a conquista da igualdade salarial, e a imposição da mulher como ser humano e não como um objeto.

Conforme Luiz, propriamente após a Revolução Industrial, que ocorreu na Europa nos séculos 18 e 19, foi que a mulher passou a ser inserida em meio à sociedade como contribuinte as produções em escala. "Deixaram de desempenhar somente as atividades domésticas. Com isso, ao passar das décadas, os avanços foram conquistados gradativamente", explica.

Como descrito, embora crescente, a condição da mulher em alguns aspectos ainda é inferior a do homem, principalmente na questão salarial. De acordo com o OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico), por meio de uma publicação em dezembro de 2015, aponta que no Brasil, 72% de homens que concluíram a universidade ganham mais de duas vezes a média de renda nacional. Já  entre as mulheres, essa taxa diminui para 52%.

Por outro lado, como mencionado por Luiz, a quantidade de mulheres inseridas no mercado de trabalho, especialmente na área acadêmica e judiciária "sobe exponencialmente" a cada ano. O que, para ele, representa um progresso social e econômico para o gênero ainda maior nos próximos anos. "Antes observávamos 80% de professores universitários do gênero masculino, hoje ocorre o inverso", compara.

Concluindo seu raciocínio, Luiz é claro ao afirmar que as políticas públicas trabalham em função das mulheres no quesito avanço social, porém, a concretização e a evidência desta pulsão a nível geral, "devem ocorrer progressivamente".

 

Século 21


Exemplo desta perspectiva positiva é a graduada em Pedagogia e Letras, e pós-graduada em Design Instrucional de Educação a Distância pela UFF (Universidade Federal Fluminense), Monia Daniela. Casada há seis anos com Paulo Roberto, e mãe de dois filhos – Heitor, de 2 anos e 2 meses e Stella de 10 meses -, Monia atua há 15 anos como profissional na área da Informática Educativa, e nas horas vagas confecciona mandalas, como ferramenta de "inspiração". "Acredito que toda mulher precisa resgatar em sua essência aquilo que lhe traz tranquilidade e lhe ajuda a equilibrar os vários papéis que acumulamos", relata.

Driblando qualquer tipo de empecilho temporal, a profissional segue uma rotina regrada de atividades diárias, que começa às 6h quando leva as crianças para a escola, e se encerra após as 23h, quando os trabalhos e os deveres residenciais estão concluídos. "Já aos sábados e domingos, até às 11h, enquanto as crianças dormem me dedico à criação das mandadas", menciona.

Sobre os trabalhos artísticos, Monia garante que as pessoas que conhecem a arte se apaixonam, o que gera, inclusive, "várias encomendas". "Pra mim o mais importante não é lucrar, mas sim aproveitar parte do tempo livre para fazer o que gosto, e proporcionar às pessoas sensações boas ao apreciar meu trabalho", explica.

Tudo começou durante a primeira gravidez. "Quando meu filho nasceu, entrei em licença maternidade e nas horas vagas em que ele dormia e o trabalho da casa já tinha sido feito, passei a me dedicar às atividades artísticas aproveitando paletes e peças de MDF que tinham sobrado da obra para fazer peças de decoração. Comprei uma serra tico-tico e fui para o Youtube aprender a usar as ferramentas e buscar inspiração", lembra. Acrescenta que acabou se apaixonando pelas mandalas, pela possibilidade de representar sensações a partir das cores. "De acordo com a cromaterapia  as mandalas com cores quentes e vivas promovem agitação no ambiente e estimulam a comunicação entre as pessoas, já cores frias transmitem relaxamento e tranquilidade", comenta.
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