Com "Rogério”, Supercombo faz nova turnê pelo Brasil afora

De acordo com músicos, CD é um convite aos que esperam a próxima geração do rock nacional – comunicativa e vibrante

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 16/11/2016
Horário 08:04
 

Um convite a todos os que esperam a próxima geração do rock nacional – comunicativa e vibrante – para que saibam para onde os ventos estão soprando. Assim é "Rogério", CD com 12 músicas da banda Supercombo, atualmente, um dos destaques do rock nacional.

O disco é o quarto trabalho do grupo que participou do SuperStar, na TV Globo, no ano passado, e resolveu agregar uma galera de amigos especiais, como Lucas Silveira (Fresno), Emily (Far From Alaska), Gustavo Bertoni (Scalene), Negra Li, Mauro Henrique (Oficina G3), Sergio Britto (Titãs), Keops e Raony (Medulla). De acordo com Paulo Vaz, 37 anos (teclado e efeitos) e Carol Navarro, 30 anos (baixo e voz), a mídia física está bombando na internet desde o mês de julho e desde o começo deste mês estão em nova turnê, Brasil afora.

Jornal O Imparcial Supercombo surgiu há nove anos, no Espírito Santo, e já acumula 70 milhões de plays

Conforme Paulo, o grupo pensou em fazer um CD colaborativo pelo fato do rock e as bandas do gênero estarem em um momento muito bom. "O rol de profissionais está dos melhores e só precisamos então nos unir e fazer a festa juntos como era nos anos 80. O disco vem de uma evolução bem pessoal onde trabalhamos para trazer uma mensagem para um público mais amplo, com elementos diferentes, brincando e mostrando que o rock não precisa ser destacado e cabe a mistura de outros elementos", expõe Paulo Vaz.

O grupo, que surgiu há nove anos, em Vitória, no Espírito Santo, desde que esteve no programa global, acumula 70 milhões de plays, mais de 50 mil execuções de rádio e uma turnê de 140 shows e festivais.

"Nosso trabalho já era bem bacana, divulgado boca a boca e pela internet. O programa, sem dúvida, nos deu uma visibilidade nacional e a galera resolveu olhar diferente, com mais atenção para as novas bandas... Todos os shows que temos feito têm sido pra cima. O lance é não parar de trabalhar", acentua Paulo Vaz.

Supercombo foi destaque no Lolapalooza 2016, quando lançou a primeira música desse novo disco, "Lentes", com a participação de Negra Li. Nesse ano também fizeram parte do line-up do João Rock, um dos maiores festivais de rock do Brasil, com o show que mais acumulou público no palco Fortalecendo a Cena.

 

O outro eu

"Rogério" é curioso desde a capa, onde nas cores azul e vermelho traz duas imagens sobrepostas que com uma pequena lente, revela o bem e o mal. "Na verdade é um alter ego, representa nosso outro lado, o negativo de cada um de nós. Essa é uma história já de uns três anos... ele representa o algo mal, antagonismo entre o bem e o mal... O nome nasceu de uma brincadeira, o Léo Ramos veio com a sugestão e virou realidade", conta Paulo Vaz.

Este é o quarto álbum do grupo e o segundo desde sua mudança para São Paulo, amadurecendo o que seu público ouvia em "Festa?" (2007), "Sal grosso" (2011) e "Amianto" (2014), mas com alguns elementos que não podem passar despercebidos. O fundador Léo Ramos, que também trabalhou como produtor do álbum, diz que a banda quis "ousar um pouco mais" e "equilibrar estruturas mais simples e arranjos mais complexos" e "cuidar mais dos detalhes".

 

Pequeno tour

"Magaiver", a faixa de abertura, mostra que as andanças pelo Brasil, em palcos de Manaus ou Porto Velho, fez desabrochar um groove mais brasileiro e texturas que remetem tanto à matriz jorge-benjoriana quanto à seu revival no início dos anos 1990. "Lentes" (com participação de Negra Li) é boa para dançar e uma letra que propõe "olhar pra frente" e "escalar o monte Fuji só pra degustar as luzes acesas". Seu refrão grudento dá a entender que a banda voltou dominando ainda melhor a manha da canção pop perfeita. Talvez seja ainda mais claro na caleidoscópica "Morar", com seus imagens românticas e existencialistas e uma melodia ótima para cantar junto.

Paulo comenta, aliás, que a capacidade do Supercombo em revestir de leveza assuntos para lá de delicados continua tão impressionante quanto nos tempos de "Amianto" – que tratava, a respeito do suicídio. Em Rogerio, um dos momentos mais impactantes é "Eutanásia", que consegue falar de uma paciente em estado vegetativo numa canção dinâmica com participação do titã Sergio Britto.

"Temos a fama por uma inclinação ‘muito humana’, o que é um elogio que sempre nos acompanhou, acabou inspirando a ideia de darmos ao novo álbum um nome próprio: ‘Rogério’ que se tornou uma personificação do lado mau de todos nós, o espírito ruim contra o qual tentamos lutar. Essa dicotomia acabou inspirando o projeto gráfico de Juarez Tanure e suas experiências com laminas azuis e vermelhas que revelam – ou escondem – a ‘rogerização’ das coisas", destaca Paulo Vaz.

 

Miscigenação

A banda que já se apresentou em Presidente Prudente é bem a cara do país quando se fala em composição étnica e racial. Isso porque seus integrantes são de vários lugares do Brasil e um deles é até de fora: Léo Ramos (guitarra e voz) é suiço, mas mora no Espírito Santo (ES), Carol Navarro (baixo e voz) é do ABC, Pedro Ramos (guitarra e voz) do Rio Grande do Sul (RS), Raul de Paula (bateria), do Paraná (PR) e Paulo Vaz (teclados e efeitos) de Ribeirão Preto.

Segundo Carol, parte importante do que moveu a banda em direção ao estúdio foi a necessidade de materializar a busca por essa nova dentição do rock brasileiro, da qual os integrantes fazem parte, orgulhosos. "Juntar, agregar e se comunicar é o que os gêneros musicais populares vivem fazendo, e o que o rock desaprendeu a fazer. Essa percepção foi sendo construída desde a fundação do nosso grupo, em Vitória há nove anos, ao misturar rock alternativo, nerd-rock e pop-sem-medo-de-ser-feliz", ressalta.

 
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