A elaboração da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) continua sendo uma das etapas mais temidas e decisivas da prova. Responsável por até mil pontos na nota final, o texto pode ser o diferencial na conquista de uma vaga no curso mais concorrido.
Para Vinicius Victor Venturin, professor de redação, o primeiro passo é compreender a estrutura da redação - composta por quatro parágrafos - o gênero dissertativo-argumentativo e as cinco competências exigidas pelo Enem. “Este tipo de texto exige não apenas domínio das normas gramaticais, mas também o uso de repertórios socioculturais consistentes, que sustentem a argumentação e a defesa da tese do estudante. Entre esses repertórios, podemos incluir livros, séries, filmes, novelas, pensamentos de filósofos e historiadores, bem como documentos históricos ou jurídicos”.
Ele diz que um erro recorrente nas últimas edições é a cópia de modelos prontos da internet. “Muitos estudantes reproduzem trechos sem compreender seu significado, aumentando o risco de que a argumentação não se alinhe à própria tese. É fundamental que o aluno conheça e domine o conteúdo que utiliza, pois ninguém argumenta efetivamente sobre algo que desconhece”.
A dica é: o caminho mais eficaz consiste em acumular repertórios originais e relevantes ao tema e construir uma argumentação coerente, evitando cópias mecânicas de modelos antigos, que podem não surtir efeito em novas edições do exame.
Pedimos para os professores, que dessem algum “palpite” sobre o tema da redação. Alguns se arriscaram.
O professor Vinícius comentou que em conversas informais com outros professores de diversas áreas, sempre surgem alguns palpites. “No entanto, o tema do Enem permanece uma surpresa para todos. Há apenas especulações dentro dos eixos temáticos que apareceram poucas vezes ou acontecimentos recentes. Vale destacar que as propostas da redação do Enem estão sempre relacionadas a problemas sociais, por isso, é fundamental atenção aos acontecimentos que nos cercam”.
A recomendação do professor é: “leia, ouça, assista e escreva o máximo possível”. “Caso o tema do vestibular coincida com seus estudos, a produção da redação se tornará muito mais natural e consistente”. Dos 31 temas com os quais Vinícius já trabalhou, ele deixou alguns palpites para a redação do Enem 2025:
“Os impactos negativos do consumo de conteúdo digital na autoestima e na construção da personalidade dos jovens brasileiros”;
“Os impasses da cultura do cancelamento para a construção do diálogo democrático na sociedade brasileira”;
“A normalização do vício em apostas digitais e seus impactos sociais no Brasil contemporâneo”;
“O uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento no Brasil: impactos à saúde pública”.
Já o professor Guilherme Marini Perpetua diz que qualquer tentativa de cravar um tema específico seria um exercício de futurologia. “É razoável supor que a proposta de redação se relacionará com um dos principais eixos de discussão ligados aos direitos fundamentais e às questões de cidadania assegurados pela Constituição Federal. Pelo menos essa tem sido a tônica nas edições anteriores da prova”.
Por sua vez, a professora Milene Roldão diz que espera-se um tema de relevância nacional ligado a eixos como tecnologia, saúde mental, mudanças climáticas, inclusão. “Os palpites dos professores giram em torno de temas como o impacto da IA (inteligência artificial), desafios da saúde mental em jovens e mudanças climáticas/desastres ambientais. O estudante deve focar no eixo temático para ter repertório flexível”.
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