Consumo de carne permanece normal em Prudente

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 23/03/2017
Horário 11:04



A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, não comprometeu a venda de carnes nos supermercados de Presidente Prudente, mas deixou os consumidores apreensivos e mais cautelosos, apontam as gerências dos estabelecimentos. O subgerente do Supermercado Avenida do Jardim Bongiovani, Leandro de Souza Pedrosa, afirma que tem conversado diariamente com os funcionários e açougueiros a fim de estabelecer um parâmetro sobre a reação do público e, embora o cenário seja de dúvidas, o consumo permanece dentro da normalidade. "Muitos questionam a procedência da carne ou fazem alguma brincadeira a respeito da fiscalização. Mesmo que levem no tom de esportividade, sabemos que a preocupação é séria, pois não se trata apenas da qualidade do produto, mas da saúde da população", expõe.

Jornal O Imparcial Consumidores estão mais interessados na origem da carne, apontam supermercados de PP

O gerente do Supermercado Avenida, Joelson Tonietti, por sua vez, aponta que a unidade ainda não sentiu os efeitos da operação, mas os comentários ocorrem. "O cliente chega e já pergunta em tom de brincadeira de quais carnes dispomos. Apesar disso, as vendas seguem de forma normal", salienta.

A Assessoria de Imprensa do Grupo Muffato, por sua vez, destaca que, há anos, o Super Muffato percebeu o crescimento da demanda por produtos in natura e começou a investir cada vez mais nessa linha. Desta forma, denota que grande parte das carnes ofertadas nos açougues é "fresca e desossada na própria loja e sua origem é rastreada passo a passo". "A rede também segue rigorosamente os procedimentos operacionais padrão definidos internamente e dispõe de veterinários que inspecionam as carnes para garantir a qualidade dos produtos que são disponibilizados aos consumidores. Por isso, os efeitos da Operação Carne Fraca nas vendas não têm sido significativos", complementa.

 

"Cenário de medo"


Para o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia, a precipitação do delegado responsável pela operação e, consequentemente, da mídia, gerou um cenário de medo que não é condizente com a realidade, tendo em vista que "o total de frigoríficos investigados é ínfimo diante da quantidade de carne produzida e o número de indústrias que compõem o setor". "A questão não envolve apenas questões nacionais, já que afeta também a nossa exportação", enfatiza. Para ele, esta é uma situação delicada e que requer ponderação, a fim de evitar a generalização dos fatos. Apesar disso, reconhece que o episódio serve de alerta aos frigoríficos quanto a práticas fraudulentas e corruptas.

Já o presidente do Sindicato Varejista de Carne do Oeste Paulista, Jesuíno Paiva Cavalcante, acredita que a operação não deve surtir efeitos no mercado local, uma vez que grande parte da carne ofertada é proveniente da produção regional.

 

Consumidores


A reportagem esteve em dois supermercados do município na manhã de ontem a fim de identificar se o desencadeamento da operação alterou o comportamento dos consumidores. O comerciante José Aparecido Batista, 52 anos, diz que se sente enganado por empresas cujo papel é fornecer um produto adequado para os clientes. "A gente já paga caro na carne e ainda recebemos um produto de baixa qualidade?", lamenta. A diarista Isabel Souza Gomes, 52 anos, conta que não é uma grande consumidora de carne, mas ficou assustada com a repercussão. "Não acho correto adulterar um produto e oferecer para o consumidor", argumenta.

Mesmo apreensiva, a do lar Maria de Souza Monteiro, 59 anos, acabou levando um pouco de carne para casa. "Comprei em pequenas quantidades, pois estou encanada. Fazer isso com mercadorias que vão chegar para toda a população é uma grande sacanagem", avalia. Já o professor Celso Roberto da Silva, 42 anos, adota um hábito diferente. "Procuro evitar as carnes embaladas a vácuo e comprar as que estão dispostas na vitrine", pontua.

 
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