Há aqueles que pulam listras nas calçadas;
Há aqueles que leem rótulos de cosméticos no vaso sanitário;
Há aqueles que simulam imensas discussões imaginárias e ganham sempre no final;
Há aqueles que simulam entrevistas ou ganham prêmios importantes durante o banho;
Há aqueles que entram em alfa;
Há aqueles que se colocam como personagem principal do clipe da música preferida;
Há aqueles que cantam e têm certeza de que a voz é igual a do cantor;
Há aqueles que disputam corridas imaginárias com outros na rua;
Há aqueles que abrem a geladeira apenas para pensar;
Há aqueles que abrem a geladeira de meia em meia hora e acham que nestes períodos alguma coisa gostosa se materializou por lá;
Há aqueles que desviram sapatos para a mãe do dono do calçado não morrer;
Há aquelas que não agradecem por estarem vivas até hoje por conta da loucura anterior;
Há aqueles que comem caca do nariz;
Há aqueles que cheiram cera de ouvido;
Há aqueles que dão “Boa noite” ao William Bonner no final do jornal;
Há aqueles que desconfiam haver mesmo alguém dentro das máquinas de estacionamento;
Há aqueles que possuem a frase da lápide pronta para quando morrer;
Há aqueles que começaram a pensar na frase da lápide agora mesmo;
Há aqueles que comem cabelo;
Há aqueles que latem para o cachorro e juram que ele entende;
Há aqueles que falam como crianças com animais porque é de repente assim que eles entendem;
Há aqueles que escolhem alguém na rua e imagina como é a vida dele em casa;
Há aqueles que criam respostas ótimas para uma discussão chata somente horas depois da briga;
Há aqueles que passam mais tempo procurando algo na Netflix do que assistindo;
Há aqueles que têm certeza de que conseguem fazer o avião ir mais devagar apenas apertando forte os pés no chão;
Há aqueles que rezam e pecam ao mesmo tempo;
Há aqueles que escrevem crônicas para dizer que ser diferente é normal e cada um tem sua graça e sua beleza;
Esse sou eu.
