Democracia

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 02/04/2019
Horário 04:21

Lembro a frase proferida por Santo Agostino no século 5: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. O elogio satisfaz o ego, mas pode ser nefasto quando o elogiado se identifica com o olhar do outro podendo acreditar ser superior, um deus acima dos mortais. Mas ninguém, até hoje, declarou o desconforto de quem critica. Embora o juízo crítico seja importante para a reflexão e autoavaliação, podendo conduzir à melhora de ações do criticado; é indigesto fazê-lo. Lembro as lágrimas da advogada Janaína Paschoal, a líder no processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).  Ela fez o que devia ser feito, mas chorou e pediu desculpas à petista, porque sofreu por fazê-la sofrer. Esse é o sentimento de quem critica.

É muito bom poder noticiar, por exemplo, que em Presidente Prudente o Centro Cultural Matarazzo oferece graciosamente às crianças e jovens carentes balé, formação teatral, pintura, dança, coral, artes plásticas, música, inclusive violino, teatro e bons filmes. Esse centro foi e continua sendo um salto cultural para cidade. A APE (Associação Prudentina de Escritores), que tem como presidente o ativista cultural Carlos Freixo, inclui performances artísticas e culturais voltadas para música, poesia, literatura e várias formas de expressão artísticas. É de fato uma riqueza que deve ser valorizada pelo povo prudentino. Também é agradável declarar que mais de 90% dos brasileiros são trabalhadores decentes, honestos, que cumprem dignamente seus compromissos.

Por outro lado, não é confortável relatar ruínas praticadas contra nossa nação, como ocorreu nas décadas precedentes com Lula e Dilma que deixaram a economia do Brasil doente, a saúde na UTI, a educação enferma. Também não se pode omitir o populismo nefasto, sombrio, perigoso, abominável de políticos. Em momentos sombrios, quando surge no horizonte líder político com algum gesto de seriedade afloram novas esperanças. Mas fatos provam que homens sem princípios éticos no poder abusam dele, e o fazem até as últimas consequências.

O ministro da economia Paulo Guedes declarou: “O Brasil só não chegou à situação da Venezuela porque a democracia impediu, mas se a reforma da Previdência não for aprovada ‘o Brasil implode’”. Enquanto isso, Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados, e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), ficam de birrinhas entre eles. Agressão de um lado, retaliação do outro, enquanto a nação treme. Maia vem agigantando-se no poder a ponto de chamar o ministro Sérgio Moro de “funcionário de Bolsonaro”. O ministro Paulo Guedes, considerado pelos analistas de grande competência para a economia, declarou demitir-se, caso continue ou continuasse clima inviável entre congresso e o Executivo. Bem, do MEC (Ministério da Educação) vários já pediram demissão.

Que felicidade seria desenhar neste artigo um quadro de solução, de esperança, de trabalho responsável de todos aqueles que têm a direção do nosso país. O que tem salvado nossa nação de catástrofes ainda maiores é a democracia, que dá ainda mostra de saúde. Ela foi “batizada” com a frase de Voltaire: “Não concordo com nenhuma das palavras que dizeis, mas defenderei até o último dia da minha vida seu direito de dizê-las”.  Que a democracia seja perene!

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