“Calabreta ou 40 Alqueires”. Esses dois nomes podem não fazer nenhum sentido para você, que lê esta matéria hoje, mas era a forma como o Balneário da Amizade, que faz divisa entre Presidente Prudente e Álvares Machado, era conhecido na década de 1970. O primeiro a trazer essa nomenclatura amigável ao local foi o vereador machadense Pedro Calles Busso, em abril de 1976. Um antigo e amarelado documento, com as páginas finas pela ação do tempo, demonstra que entre as indicações daquele ano, realizadas pelo parlamentar, esteve a “construção do Balneário da Amizade com a colocação de barracas, lanchonete, arborização, praia artificial, pedalinhos e a contratação de um vigia para zelar pelo parlamento”.
O problema é que isso só se tornou realidade em um dos lados do balneário. Em Prudente, o esplêndido e faustoso ar de “cidade de grande porte”, farta na arrecadação de recursos, se reflete em infraestrutura completa, com quiosques, iluminação, áreas públicas e diversas benfeitorias. Para Machado, no entanto, a escassez financeira da cidade-dormitório se transmite em vegetação alta que ladeia uma estradinha sem pavimentação, irregular, em uma “paisagem de abandono”. O uso e ocupação do solo também se diferenciam nos municípios: em Prudente é predominantemente urbano e, em Machado, sem grandes processos de expansão, prevalecem áreas agrícolas e de pastagem.
A Prefeitura de Álvares Machado informa, entretanto, que já elaborou o projeto de revitalização do Balneário da Amizade, orçado em aproximadamente R$ 600 mil. O Executivo, inclusive, protocolou pedido junto aos governos federal e estadual para ajudar a cobrir o custo. A parte machadense do balneário deverá contar com vários quiosques de churrasco, guarda-volumes, conveniência e comerciais; duas quadras de vôlei, sendo que uma poderá ser de areia; um campo society; iluminação para eventos noturnos; espaços de socialização com bancos; deck e píer para pesca; estacionamento; pistas de caminhada; espaços para corpo de bombeiros e salva-vidas e faixas de areia; entre outros elementos.
Já em Prudente, por sua vez, de acordo com o secretário municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação, José Nivaldo Luchetti, após passar pela revitalização, o balneário está “atendendo aos fins a que foi destinado”.
Início do balneário
Hoje, aos seus 80 anos, o ex-vereador conta que, naquela época, mesmo sendo apenas um “tanque”, o local que hoje abriga o Balneário da Amizade já foi suficiente para ensiná-lo a nadar. Ele viu o potencial e teve a ideia de fazer uma barragem para ampliar a área com água, transformando-a em um espaço de lazer para os banhistas das duas cidades, que não tinham condições financeiras de arcar com mensalidades de clubes locais.
Inicialmente, ainda em 1976, a ideia não foi levada a sério e o projeto ficou emperrado. “Achavam que seria gastar dinheiro à toa, mas eu sabia que, com a barragem, as chuvas seriam suficientes para encher o balneário”, lembra Pedro Calles Busso. Então, posteriormente, ele insistiu de novo com a ideia, que deu origem ao empreendimento, em 1978.
O Balneário da Amizade deixou de ser frequentado por banhistas há cerca de 30 anos, conforme informações da Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação) de Prudente. Sua água ficou imprópria para o uso na década de 1990 por conta do despejo irregular de esgotos clandestinos, e seu uso só foi retomado há dois anos.
A represa do balneário conta com 379.271 metros quadrados e volume total de 2.066.000 metros cúbicos. O balneário está inserido na bacia do alto curso do Córrego do Limoeiro, que, por sua vez, encontra-se na bacia hidrográfica do Rio Santo Anastácio. Segundo José Nivaldo Luchetti, da Seplan, o balneário tem este nome justamente por estar entre duas cidades.
SAIBA MAIS
Após quase um ano e meio de obras de revitalização, o Balneário da Amizade foi inaugurado em Presidente Prudente em abril de 2015. O investimento foi de aproximadamente R$ 5 milhões, por meio do acordo de renovação contratual com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A primeira etapa de urbanização do balneário foi orçada em R$ 3.999.188,80, e envolveu a construção de diversos equipamentos públicos, benfeitorias e espaços para a prática de esportes e lazer, banheiros, limpeza e urbanização em geral do local. Já a recuperação do Balneário da Amizade contou ainda com a segunda etapa, que envolve serviços de paisagismo, com investimento de R$ 183.290.
