Embora existam relatos de que o primeiro DIU (dispositivo intrauterino) tenha sido usado em pacientes por Hipócrates há mais de 2,5 mil anos, sendo clinicamente aceito e amplamente adotado anos depois, em 1962, o método ainda traz dúvidas entre as mulheres. O aparelho em formato de “T” é inserido dentro do útero e tem como objetivo a prevenção da gravidez. Disponível em dois tipos, o de cobre e o hormonal. O primeiro pode ser adquirido gratuitamente por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), já o segundo apenas através de planos de saúde, com valor mínimo de R$ 800. Mas, afinal, qual benefício do DIU? Para responder esse questionamento, a reportagem contatou dois ginecologistas, Arlene Tanure Corrêa Lucarelli e Luís Antônio Gilberti Panucci, que apontaram os prós e os contras do método contraceptivo.
De acordo com os profissionais, o DIU de cobre tem duração de 10 anos, enquanto o hormonal de cinco anos. Dos dois tipos, segundo expõem, este é o mais vantajoso. O motivo, conforme Luís Antônio, é que o dispositivo possui controle hormonal, ou seja, pode atuar como regulador do fluxo menstrual e até mesmo no tratamento de dores do endométrio. “Algumas mulheres que possuem o DIU hormonal até param de menstruar ou o fluxo se torna bem menor, com menos dores”, expõe. Isso, segundo Arlene, ocorre porque o dispositivo elimina um hormônio chamado progesterona, que atua na cavidade do endométrio e também é absorvido pela corrente sanguínea, alterando o fluxo.
Porém, algumas mulheres devem se atentar às opções. Segundo Luís Antônio, existem contraindicações absolutas e relativas quando se trata da implantação de qualquer tipo de DIU. “Mulheres que nunca tiveram filhos, que possuem quadros de dor uterina sem diagnóstico, não devem optar pelo dispositivo”, pontua. Arlene complementa que mulheres que já tiveram câncer de mama ou qualquer outro tipo de câncer nos últimos cinco anos devem evitar, principalmente, o uso do DIU hormonal.
Sobre o procedimento de implantação do aparelho, os especialistas concordam em classificar como “simples e prático”. Conforme Luís Antônio, não é necessária aplicação de anestesia e o processo pode ser realizado em qualquer ambiente hospitalar de consultórios a hospitais. “Aconselho a colocar sempre no último dia do ciclo menstrual e continuar utilizando outro método durante 30 dias. Após isso, não existe nenhuma restrição”, explica Arlene.
Possível gravidez
Ainda segundo a médica, embora o DIU tenha eficácia superior a 99%, existe o risco do desenvolvimento de uma gravidez ectópica. Isso significa que, ao invés do óvulo ser implantado no útero, é inserido nas trompas. Neste caso, conforme explica, a mulher deve ser submetida a uma cirurgia de emergência para a retirada das trompas, procedimento este que reduz em até 50% as chances de uma nova gravidez. “Mas são casos raros, isso acontece porque, embora não exista implantação, o DIU não impede que o óvulo seja fecundado”, pontua.
Por isso, a ginecologista reforça a importância de estar constantemente visitando um profissional e monitorando o DIU. De acordo com ela, é preciso fazer exames preventivos semestralmente para avaliar o posicionamento do dispositivo no útero. “Por meio de um ultrassom pélvico é possível fazer essa observação”, frisa.