Há mais calma nas ruas porque hoje é domingo. Parece que de todos os dias da semana, o domingo é o preferido das pessoas de todas as idades.
É bem verdade que muitos preferem a sexta-feira e o sábado, mas o domingo é um dia especial, principalmente para quem trabalha seis dias por semana. É o dia do descanso semanal da maioria dos trabalhadores.
Então, a maioria gosta mais do domingo. É no domingo que as pessoas dormem até mais tarde. Há mais silêncio aos domingos, silêncio que, às vezes, só é quebrado pelos sinos da igreja ou por algum vendedor ambulante.
Já pensou ser acordado na manhã de domingo por um vendedor da pamonha de Piracicaba, depois de trabalhar seis dias consecutivos?
É o caso de mandar o ambulante lamber sabonete, sugerindo a ele que vá oferecer pamonha em outra freguesia, seja a do O e de outras letras.
Assim como a sexta-feira e o sábado, o domingo também já foi homenageado pelos compositores e pelo cinema. “Nunca Aos Domingos” é nome de filme e de música. O cantor Ângelo Máximo fez o maior sucesso com o seu “Domingo Feliz”, considerado brega pelos metidos a eruditos.
A canção tem uma versão sofisticada gravada pelo Maurício Pereira, que integrava o Mulheres Negras. Ficou legal a versão do Maurício. Sertanejos também falam do domingo, como a dupla Tonico e Tinoco.
Numa das canções, eles dizem que “domingo de tardezinha eu estava mesmo à toa e convidei meus companheiros para pescar na lagoa”, verso que rima a expressão à toa com lagoa.
O domingo também é lembrado em “Saudade de Minha Terra”, sucesso de Belmonte e Amaraí. “Aos domingos eu ia pescar em lagoas de águas cristalinas”, diz um trecho da letra.
Está cada vez mais difícil, hoje, encontrar lagoas de águas cristalinas por causa da poluição, mas isso é assunto para engenheiro da Cetesb e não para cronista. Com lagoas e rios poluídos, a opção é o Pesque-Pague, paraíso dos pescadores e peixes de granja.
E o que dizer de “Domingo no Parque”? Grande sucesso de Gilberto Gil. Se o domingo é dia de pescaria, é igualmente dia de almoço farto e quase sempre o prato é a tradicional macarronada.
Também quase sempre os comensais são parentes que se reúnem na casa da nona, com cenas dignas de uma comédia de Neil Simon. Os aristocratas de antanho aproveitavam o domingo para fumar cachimbo. “Domingo pede cachimbo”, dizia-se em outros tempos mais chiques.
Ao longo do tempo, a expressão foi deturpada – ou não bem compreendida – e, em vez de domingo pede cachimbo, ficou conhecida como “domingo pé de cachimbo”.
Se o domingo é dia de macarronada e de fumar cachimbo, é também o dia em que as pessoas sem carro ficam um tempão nos pontos esperando ônibus.
As empresas reduzem a frota pela metade e, com essa safadeza, os ônibus passam só de hora em hora e até além desse tempo.
Missas nas igrejas católicas e cultos nas igrejas evangélicas, para cultos e incultos, também marcam o domingo. Os templos lotam e há fiéis que fazem qualquer sacrifício para ouvir o padre ou o pastor.
Um exemplo de fiel radical é o Viriato. Não perde uma missa dominical. Ele adora o domingo, mas fica com a pulga e outros insetos atrás da orelha quando o cunhado Quintino aparece para filar o almoço.
É que a visita do nefando parente não fica só no almoço e na sobremesa. O cunhado sempre pede algum dinheiro emprestado e não paga Viriato nem por decreto. Além de filar o almoço e a grana, ainda exige que Viriato, no fim do dia, o leve de carro para casa, pois não quer perder o Fantástico.
DROPS
Estamos acompanhando não só a marcha como também a valsa, o forró, o rock e até o funk dos acontecimentos.
Tudo na vida é passageiro, inclusive o motorista do ônibus.
Na hora de falar, ninguém faz mais rodeios do que o locutor de rodeios.
Encanador é o profissional que não entra pelo cano na hora de cobrar pelo serviço.
W Mecânica, a oficina do Wladimir.
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