Educação e lusofonia III

António Montenegro Fiúza

«O que importa é mudar a ovalidade do mundo, sem dele fugir.»
Pepetela

O processo ensino-aprendizagem é um dos mais complexos vivenciados pelos seres humanos, no entanto, aprende-se de forma inata e intuitiva, antes que nos reconheçamos como seres viventes, recebemos informação e digerimos conhecimento, transformamo-lo em ação e em vivência.

A curiosidade leva-nos a explorar o botão de flor, o pequeno inseto e o grande muro, levou a humanidade até a lua e até Marte, a conhecer as profundidades dos oceanos e a majestade do nosso planeta, faunas, floras e ecossistemas; tem sido a epígrafe para grandes questionamentos científicos, magníficas investigações e eloquentes enunciações.

Num cenário ideal, a curiosidade deveria aumentar na mesma proporção que a aprendizagem, sendo esta última o alento para a primeira; mas infelizmente, a educação tem provido fronteiras intransponíveis ao interesse pelo desconhecido e ao perscrutar de novas realidades e ao traçar de novos horizontes, ao incutirem-se supostas verdades absolutas e ao limitarem-se as perguntas e os questionamentos.

É necessário repensar a educação, imprimir nos formandos o desejo pela aprendizagem, o aprender a aprender, renovando a curiosidade inata ao ser humano; um ensino que proveja o combustível para grandes dúvidas, longos questionamentos e uma pesquisa intensa por respostas.

Albert Einstein terá dito que «a criatividade é a inteligência divertindo-se» e num momento em que se clama por inovação, a educação deveria providenciar um conhecimento que permita, aos seus formandos, o crescimento enquanto seres críticos e pensantes; mais do que ensinar teorias e teoremas, dotá-los de bases para que, instigando a curiosidade, se possa ir mais longe do que a ciência presente.

«Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.

Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.» Rubem Alves

O ultrapassar das barreiras da educação tradicional, confinada à sala de aulas promoverá uma indelével aprendizagem, cujos efeitos serão perscrutados indefinidamente.

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