Eleitores da região preterem 66,2% dos candidatos à reeleição

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 01/03/2016
Horário 15:35
 

 

 

Desde que entrou em vigor no Brasil, a partir das eleições majoritárias de 1998, a reeleição não ganhou a preferência da maioria dos eleitores da região de Presidente Prudente. Pelo menos é o que aponta levantamento feito por O Imparcial com base na série histórica iniciada a partir do mandato de 1996 a 2000 até o pleito de 2012. Em quatro períodos de análise - 1996/2000; 2000/2004; 2004/2008; e 2008/2012 - os eleitores das 54 cidades da região tiveram, ao todo, 216 oportunidades de eleger ou reeleger os chefes dos Executivos municipais. No entanto, a opção pela reeleição foi assinalada em apenas 73 delas, o equivalente a 33,7%. Nas outras 143 ocasiões, ou 66,2%, a vontade do eleitorado foi pela alternância do poder.

Instituída após a aprovação da Emenda Constitucional 16, de 4 de julho de 1997, a reeleição passou a valer no pleito nacional de 1998. Sendo assim, a primeira disputa com o direito à reeleição para os Executivos e Legislativos dos municípios foi realizada no ano de 2000. Logo neste primeiro pleito, 16 cidades da região optaram pela manutenção de seus prefeitos, o que significa 29,6% do total. Em contrapartida, 38 das 54 cidades, ou 70,3%, escolheram novos prefeitos.

Nas disputas eleitorais de 2004, 18 prefeitos eleitos no ano 2000 se reelegeram. Número que equivale a 33,3% do montante. Por consequência, em 66,6% das cidades, ou em 36 delas, houve substituição na cadeira do Executivo. Nas eleições de 2008, o número de reeleitos aumentou consideravelmente. Dos 36 eleitos pela primeira vez em 2004, 24 asseguraram o segundo mandato em 2008. Número que equivale a 44,4% do total. No mesmo pleito, 30 prefeitos foram eleitos, o que significa 55,5% do total.

No fechamento da série, que corresponde ao comparativo dos eleitos no ano de 2008 que concorreram novamente à vaga em 2012, apenas 15 conseguiram se preservar na função. Número que se refere a 27,7% da totalidade. Sendo assim, 39 novos prefeitos assumiram o cargo nas eleições de 2012. Ou seja, 72,2% das 54 vagas da região.

 

Reeleições consecutivas

Vale ressaltar que os números levantados por O Imparcial correspondem apenas às reeleições consecutivas, quando o candidato assume novamente o cargo logo após o término do primeiro mandato. Isso porque, existem prefeitos que não foram eleitos por dois mandatos seguidos, mas mesmo assim foram reeleitos em outras oportunidades.

Casos como o do ex-prefeito de Álvares Machado, Luiz Takashi Katsutani, que exerceu o mandato entre 1996 e 2000, deixou a Prefeitura no mandato seguinte e retornou em 2004. Cícero Paulino Sobrinho também passou pela mesma situação em Caiuá. O ex-prefeito comandou a cidade entre 2000 e 2004, descansou nos quatro anos seguintes e reassumiu a vaga em 2008. Conjuntura semelhante ocorreu com Agamenon Pereira da Silva, em Emilianópolis; Hely Valdo Batistela, em Taciba; e Osvaldo José Benetti, em Tupi Paulista.

O atual prefeito de Taciba, inclusive, ocupa a cadeira de chefe do Executivo da cidade pela terceira vez em quatro mandatos. Eleito no pleito de 2000, o tacibense foi reeleito em 2004, ficou longe da Prefeitura em 2008 e retornou ao cargo em 2012. Incoerentemente contrário à reeleição, o mandatário credita o alto índice de rejeição dos prefeitos à desconfiança popular. "Tem muita gente que não gosta de votar na mesma pessoa. Muitas vezes o prefeito teve um bom mandato, mas a tradição da população de não reeleger o deixa de fora", comenta Hely Valdo Batistela (PP).

 

Falta gerência

Ao contrário dele, o prefeito de Regente Feijó e presidente da Unipontal (União dos Municípios do Pontal do Paranapanema), Marco Antonio Pereira da Rocha (PSDB), enxerga a rejeição como um "claro sinal de ingerência dos derrotados". "Deixaram a desejar. Um prefeito diligente, que corre atrás, com dedicação, empenho, certamente vai deixar registrada uma marca de realizações e terá facilidade de se reeleger", aponta.

A conclusão do prefeito regentense se assemelha à do sociólogo e educador Luiz Sobreiro Cabreira. Para ele, as estatísticas eleitorais nem sempre refletem a realidade, no entanto, é possível enxergar alguns indicativos nos índices. "Visivelmente, a estatística demonstra que em cada três, dois optaram pela renovação e um pela manutenção. Isso não significa que a gestão tenha sido ruim, mas é um indicativo que a população busca uma nova gestão. Logo, fica mais ou menos claro que há uma possibilidade de a gestão anterior ter sido falha", analisa.


Além da capacidade ou incapacidade de governabilidade de cada preterido, o economista e sociólogo Wilson de Luces Fortes Machado aponta ainda a volatilidade do meio político, constantemente suscetível a mudanças. "O que contribuiu para isso são os arranjos do próprio município, as famosas coligações, as indicações de outros prefeitos e a formação de novos grupos políticos. Porém, no geral, está ligado também à qualidade da gestão de cada administrador", examina.

 

REELEIÇÕES CONSECUTIVAS












































































































































































































































Município



2000 a 2012


ADAMANTINA

Duas


ALFREDO MARCONDES

Duas


ÁLVARES MACHADO

Nenhuma


ANHUMAS

Duas


CAIABU

Uma


CAIUÁ

Uma


DRACENA

Uma


EMILIANÓPOLIS

Uma


ESTRELA DO NORTE

Uma


EUCLIDES DA CUNHA PAULISTA

Duas


FLORA RICA

Duas


FLÓRIDA PAULISTA

Duas


IEPÊ

Uma


INDIANA

Duas


INÚBIA PAULISTA

Uma


IRAPURU

Uma


JUNQUEIRÓPOLIS

Duas


LUCÉLIA

Duas


MARABÁ PAULISTA

Uma


MARIÁPOLIS

Duas


MARTINÓPOLIS

Uma


MIRANTE DO PARANAPANEMA

Uma


MONTE CASTELO

Duas


NANTES

Uma


NARANDIBA

Duas


NOVA GUATAPORANGA

Uma


OSVALDO CRUZ

Uma


OURO VERDE

Duas


PACAEMBU

Uma


PANORAMA

Uma


PAULICEIA

Uma


PIQUEROBI

Uma


PIRAPOZINHO

Uma


PRACINHA

Uma


PRESIDENTE BERNARDES

Nenhuma


PRESIDENTE EPITÁCIO

Duas


PRESIDENTE PRUDENTE

Duas


PRESIDENTE VENCESLAU

Nenhuma


QUATÁ

Uma


RANCHARIA

Uma


REGENTE FEIJÓ

Uma


RIBEIRAO DOS ÍNDIOS

Duas


ROSANA

Nenhuma


SAGRES

Duas


SALMOURÃO

Uma


SANDOVALINA

Duas


SANTA MERCEDES

Duas


SANTO ANASTÁCIO

Uma


SANTO EXPEDITO

Uma


SÃO JOÃO DO PAU D’ALHO

Duas


TACIBA

Uma


TARABAI

Duas


TEODORO SAMPAIO

Uma


TUPI PAULISTA

Uma


  216 oportunidades
  73 foram reeleições (33,7%)
  143 eleitos (66,2%)

 

Fonte: TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

 
Publicidade

Veja também