Em 8 meses, Santa Casa supera número de captações de múltiplos órgãos feitas em todo ano passado

Dia Nacional de Incentivo à Doação é comemorado nesta sexta-feira, dia 27, com 10 procedimentos realizados em Prudente por dois hospitais

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 26/09/2024
Horário 04:00
Foto: Cedida/Santa Casa
Na Santa Casa, sete captações de múltiplos órgãos foram contabilizadas em 2024, diante de cinco em 2023
Na Santa Casa, sete captações de múltiplos órgãos foram contabilizadas em 2024, diante de cinco em 2023

Neste sexta-feira, dia 27 de setembro, é comemorado o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. Em Presidente Prudente, o cenário é considerado favorável pelo enfermeiro da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) da Santa Casa de Misericórdia, Anderson Milhorança, que aponta que, de janeiro até agosto, o hospital já atingiu a marca do que foi feito durante todo o ano de 2023. Na instituição, nos oito primeiros meses de 2024, sete captações de múltiplos órgãos – procedimentos em que foi possível a doação de dois ou mais órgãos – foram contabilizadas, diante de cinco registros no mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro foram coletadas dez córneas, três corações, 14 rins, dois ossos, um pâncreas e um pulmão. Única unidade habilitada para fazer transplantes na cidade, a instituição realizou, do início do ano até agosto, cinco procedimentos envolvendo córneas e outros cinco envolvendo rins. 

No HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, que promove a Semana de conscientização sobre doação de órgãos em alusão ao Setembro Verde, mês dedicado à tal causa, de janeiro até o momento, três captações de múltiplos órgãos foram realizadas e resultaram na coleta de um pulmão, um fígado, seis rins, um osso e quatro córneas. 

Aumento na conscientização

Anderson avalia que, ao longo dos anos, houve um aumento na conscientização sobre a importância da doação de órgãos. “No entanto, acreditamos que ainda é necessário um grande esforço de cooperação entre as instituições, o governo e os meios de comunicação, visto que o principal obstáculo para a doação, além da família muitas vezes não saber qual era o desejo do potencial doador – talvez porque nunca discutiram o assunto –, é a falta de informação sobre todo o processo”, revela. “Famílias optam por negar a doação, muitas vezes por razões diversas, incluindo medo, convicções religiosas, falta de confiança no sistema de saúde ou mitos urbanos”, complementa.

Embora os números indiquem que as famílias estejam mais receptivas à ideia de doar os órgãos de seus entes queridos, o enfermeiro relata que muitas dúvidas ainda surgem ao longo do processo. “As questões mais comuns envolvem o tempo que o procedimento leva, o estado em que o corpo será devolvido após a doação e a documentação necessária, entre outros aspectos importantes”, cita.

“É importante ressaltar que, antes do diagnóstico de morte encefálica, todas as possibilidades terapêuticas são esgotadas. A confirmação exige uma série de exames e a avaliação de mais de um médico, seguindo os protocolos definidos pela Resolução do CFM [Conselho Federal de Medicina] 2.173/2017, que estabelece os critérios e procedimentos a serem seguidos”, esclarece o enfermeiro.

Abordagem às famílias

Após a confirmação da morte cerebral, uma equipe especializada entra em contato com a família do falecido, apresenta a possibilidade de doação, informa todo o processo, esclarece dúvidas e pergunta sobre o interesse em realizar a doação. “É fundamental destacar que, mesmo que o paciente tenha registrado sua intenção de doar em documentos, apenas a família tem a prerrogativa de tomar a decisão final. Portanto, é crucial que a família esteja ciente da vontade do paciente para que essa seja respeitada”, destaca Anderson

Para o diretor técnico do HR e coordenador da CIHDOTT da instituição, o médico Renato Ferrari, é extremamente necessário que o assunto seja tema de conversas entre familiares. “Quando você fala sobre a sua vontade em vida é muito mais fácil para o seu familiar tomar essa decisão, se um dia for chegada essa hora. Então, quando você tem a expressa vontade daquela pessoa que está ali falecida é muito mais fácil, a gente não assume a responsabilidade que estar fazendo alguma coisa que não seria do agrado daquela pessoa. Por isso a necessidade de isso ser conversado entre as famílias”, considera.

Vontade registrada

Lançada em abril pelo Ministério da Saúde, a Aedo (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos) é uma forma eletrônica de autorizar a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano. Anderson explica que, através da plataforma online, qualquer pessoa pode registrar no sistema a sua vontade de ser um doador, no https://www.aedo.org.br/. “Essa informação pode ser acessada pela equipe médica e demonstrada à família a real intenção da pessoa. Mesmo assim, cabe a família a decisão final sobre a doação”, enfatiza o enfermeiro. 

Cedida/Hospital Regional

No Hospital Regional, de janeiro até o momento, três captações de múltiplos órgãos foram realizadas

Cedida/Hospital Regional


Renato Ferrari: “Quando você fala sobre sua vontade em vida é mais fácil para seu familiar tomar a decisão”

Cedida/Santa Casa


Anderson avalia que houve um aumento na conscientização sobre a importância da doação de órgãos

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