Em Prudente, cesáreas representam 60% dos partos na rede pública e 90% em hospital particular

Ginecologista e obstetra, Marina Ayabe Gomes Moraes explica que o índice de cesarianas de uma determinada região leva em conta diversos fatores

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 07/04/2024
Horário 04:00
Foto: Maurício Delfim Fotografia
Mãe de dois filhos, Isabela Quintiliano de Paiva optou pela cesariana em seus dois partos
Mãe de dois filhos, Isabela Quintiliano de Paiva optou pela cesariana em seus dois partos

Em 2023, 60% dos partos realizados nos hospitais públicos de Presidente Prudente foram cesarianas. O índice é maior que o registrado em 2022, quando 54% dos procedimentos para nascimentos de bebês também foram por via cirúrgica. O uso de cesariana está crescendo mundialmente e, na capital do oeste paulista, a tendência pode ser vista principalmente na rede particular, onde os partos cirúrgicos realizados por incisão no útero chegam a 90% dos atendimentos. 

Na rede pública prudentina, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde, foram 3.057 nascimentos, em 2023, sendo 1.862, ou seja, 60% de cesáreas diante de 1.195 partos normais. No ano anterior, foram 3.001 procedimentos, dos quais 1.633 foram cesarianas e 1.368 foram normais. No HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, foram feitos 1.075 partos, no ano passado, sendo 444 cesáreas e 631 partos normais, enquanto em 2022, foram 881 partos, sendo 323 cesáreas e 558 partos normais. Já no HEPP (Hospital Estadual) Doutor Odilo Antunes de Siqueira, em 2023, foram feitos 1.982 procedimentos, sendo 1.418 cesáreas e 564 partos normais. E, em 2022, 2.120 partos, sendo 1.310 cesáreas e 810 partos normais.

A ginecologista e obstetra, Marina Ayabe Gomes Moraes, explica que o índice de parto cesariana de uma região leva em conta diversos fatores, sendo uma das principais, a indicação obstétrica, que avalia tanto o risco materno quanto o risco fetal. “Existe também outro porém, que é a decisão e segurança da própria gestante. Essa decisão envolve a escolha tanto da gestante, de seus familiares e do acompanhamento do pré-natal, além do obstetra determinar a segurança que cada grávida apresenta durante as consultas. É importante entender que a segurança do parto vaginal vai ocorrer durante todas as consultas de pré-natal e a evolução da gestação”, pontua.

Rede particular

Exemplificando a rede privada, o Hospital Iamada contabilizou, em 2023, 1.088 nascimentos, sendo 914, ou seja, 90%, de cesarianas, diante de 174 partos normais. O índice em 2022 era ainda maior, quando 92% dos 982 procedimentos, 875 contra 107, foram através de intervenção cirúrgica. “Nossa maternidade possui ambientes especializados dedicados para as duas escolhas de parto. No caso do parto normal, possuímos um quarto específico, onde a gestante conta com equipamentos e acessórios que podem auxiliá-la durante o processo”, promove a instituição. “Além de todo o suporte da nossa equipe, possuímos profissionais credenciados conosco como as doulas que costumam acompanhar muitas pacientes que optam pelo parto normal”, complementa.

O hospital afirma que a escolha da gestante é importante e deve ser respeitada e, por isso, fornece a estrutura e atendimento necessários para os dois tipos de nascimento. “Fortalecemos as práticas humanizadas, com o cuidado seguro e centrado na paciente e no bebê”, finaliza.

Cuidados médicos

A médica obstetra esclarece que a cesárea pode ser de emergência/urgência, eletiva ou a pedido. As principais indicações de cesariana de emergência são por descolamento prematuro de placenta, iminência de rotura uterina, inserção baixa de placenta com sangramento intenso, sofrimento fetal agudo, prolapso de cordão umbilical e morte materna com feto vivo. Quanto às recomendações de cesárea eletiva, são: apresentação anômala (pélvica ou transversa), macrossomia fetal, gestação múltipla, tumores pélvicos, placenta prévia ou acretismo placentário, mais de duas cicatrizes de cesárea prévia, dentre outras situações.

“Entretanto, existe a possibilidade da cesárea a pedido que envolve a decisão da gestante e de seus familiares. A decisão do obstetra geralmente envolve tanto a avaliação dos riscos maternos quanto o risco fetal para decidir pelo parto cesariano. Mas, essa decisão deve sempre ser compartilhada com a gestante e seus familiares”, argumenta a especialista. “Por outro lado, a gestante pode realizar a chamada ‘cesárea a pedido’, quando não há justificativa médica para a sua realização. Nesse caso, a gestante deve ser informada sobre os riscos e não deve ser realizada antes de 39 semanas de gestação pelo risco de prematuridade”, complementa.

“A decisão da via de parto vaginal ou cesariana deve acontecer entre a segurança do obstetra, a gestante e seus familiares durante todo o pré-natal. Se a sinceridade e a confiança na decisão da via de parto de ambos os lados [obstetra x gestante] forem preservados, a via de parto deixa de ser apenas uma estatística e passa a ser a melhor escolha para a gestante”, conclui.

Sem dilatação

Mãe de dois filhos, a Manuella, de 12 anos, e o pequeno João Pedro, de dois meses, a atendente ao público Isabela Quintiliano de Paiva, 29 anos, conta que os dois partos que passou foram cesarianas por não ter dilatação ideal para o procedimento normal. “A cesárea, para mim, é um procedimento que eu prefiro. Meus dois partos foram cesáreas e não tenho o que reclamar. Além da mulher não ficar sofrendo de dores, por ser mais tranquilo nesta parte, a minha recuperação foi bem rápida”, recorda.

Cedida


Marina: “Decisão deve acontecer entre segurança do obstetra, gestante e seus familiares”

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