Dados do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito) revelam que, pela primeira vez, a indústria automobilística está superando, na venda total de novos veículos, as marcas alcançadas antes da pandemia de Covid-19. Os registros de primeiro emplacamento feitos pelo órgão indicam aumento de 16,5% na demanda por placas para veículos zero quilômetro em 2024, em todo o território paulista. Já em Presidente Prudente, o cenário ainda é diferente, com retração de 12,3%. Entre janeiro e junho deste ano foram solicitadas 1.888 novas estampas, contra 2.153 no mesmo período de 2019. Os índices são negativos, no entanto, apenas no que diz respeito aos automóveis, já que motos, utilitários e caminhonetes apresentaram crescimento na procura. O aumento nos emplacamentos pode ser observado na capital do oeste paulista, ano a ano, no número de novas motos, com índice acumulado de 24,3%, ao passarem de 506 primeiros emplacamentos no primeiro semestre de 2019, para 629, em 2024. Confira a tabela.
A elevação nas buscas também ocorreu em Prudente em relação aos utilitários, de 83 para 141, com 69% de aumento, e com as caminhonetes, de 266 para 314, alta de 18%. Em contrapartida, a busca pelos automóveis ainda apresenta recuo de 38%, pois passou de 1.298 para 804 registros no mesmo período de comparação. O economista Alexandre Godinho Bertoncello destaca que o fato da venda de automóveis aumentar no território paulista tem relação com a queda de juros. “Que, infelizmente foi interrompida, e deve ser retomada no ano que vem. E, quanto mais baixos forem os juros, mais fácil é o financiamento e, por esse motivo, maiores as vendas”, explica.
Pontua, no entanto, que a troca de um carro, um caminhão, ou mesmo um trator, por exemplo, é pela expectativa. “O que que aconteceu? Quando você compara 2019 com 2024, em alguns casos, superar, significa que, aparentemente, o hiato da Covid passou. Mas, aqui, especificamente, na região, são dois problemas”, relata. Cita que o primeiro é que devemos levar em conta que “nem todos os veículos vendidos em Prudente são para Prudente”. “Carro zero quilômetro, normalmente você tem algumas concessionárias na região. Então, a demanda envolve a cidade e todos os pequenos municípios no entorno”, comenta.
Outro ponto que deve ser considerado, conforme o economista, é que o oeste paulista é uma região “pouco industrializada”. “Dentro da própria reforma tributária, do desenho que foi feito, a atividade econômica que mais vai ter benefícios é a indústria. E isso passa a ser um problema em uma região onde só tem basicamente serviço, que é o que mais vai sofrer. Como a expectativa do futuro com relação à própria reforma pode vir a atrapalhar, você pode ter os atores econômicos aqui se resguardando de possíveis problemas lá na frente”, esclarece.
“Então, não é uma relação que nós estamos empobrecendo, mas provavelmente os atores estão se precavendo de eventuais problemas, que passa a ser um, porque quando todo mundo pensa que pode ser ruim, isso retrai o consumo e isso se concretiza. A arte econômica está, não em prever o que vai acontecer, mas entender por que os atores estão se movendo deste jeito”, completa Alexandre.
Entre janeiro e junho deste ano, em todo o Estado, foram solicitadas 541 mil novas estampas, contra 464,2 mil no mesmo período de 2019, revela o Detran-SP. Para o órgão, o cenário representa uma recuperação dos níveis pré-pandemia neste início de 2024, confirmada pelo panorama anual de emplacamento dos carros zero quilômetro. “Em todo o ano de 2019, o Detran-SP registrou 971,3 mil novos veículos, número que caiu a 721,7 mil em 2020 e passou a 757,4 mil em 2021. O ano de 2022, com 849,4 mil novas placas, e 2023, com 963,9 mil, já indicavam a retomada, confirmada neste ano”, alega, sobre o território paulista.
Fonte: Detran-SP