Empresários sofrem consequências da imprudência de festas clandestinas

Enquanto estabelecimentos seguem normas de higienização e distanciamento, eventos e aglomerações irregulares continuam ocorrendo

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 29/01/2021
Horário 07:15
Foto: Cedida
Setor alimentício enfrenta dificuldades na pandemia
Setor alimentício enfrenta dificuldades na pandemia

Os empresários do ramo de bares e restaurantes estão inconformados com o atual cenário econômico enfrentado pelo setor. Com a região de Presidente Prudente novamente na fase vermelha do Plano São Paulo – a mais restritiva, afirmam que, apesar de seguirem corretamente as normas de higienização e distanciamento social, estão sendo “punidos” pela imprudência gerada por cidadãos que frequentam as festas clandestinas. 

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Paulo Meirelles, proprietário do Garden Restaurant, afirma que privar o atendimento presencial das atividades consideradas pelo Estado como “não essenciais”, alimenta a procura por eventos clandestinos na cidade.

“Bares e restaurantes não são os responsáveis pelo grande aumento da disseminação da Covid, são as festas clandestinas”, expõe. “Fechando bares e restaurantes, você automaticamente joga a população para os eventos clandestinos”.

Ainda na gravação, o empresário faz uma menção ao pagamento dos impostos.

“Esses eventos não são fiscalizados e não pagam impostos. E esse imposto é o que está faltando no Estado de São Paulo, motivo esse que o governador está aumentando a carga de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] de todo o Estado para tentar compensar os gastos pela Covid”, lamenta.

“O governo está ‘matando’ pessoas que geram impostos, e ao mesmo tempo jogando pessoas para as atividades clandestinas que existem por aí”. 

O assunto também foi citado na edição de terça-feira de O Imparcial, que mostrou as dificuldades do setor alimentício na fase vermelha. Na matéria, Lucineide Navarro, proprietária do Bar da Estação, lembra que tamanha a confusão gerada pelo “vai e vem” das fases, que os clientes não sabem se ficam ou não em casa. “Infelizmente, é neste momento que surgem as festas clandestinas e que não respeitam os protocolos de segurança, diferente do que ocorre num bar ou restaurante, em que todas as medidas são obrigatórias”, afirma. 

aglomerações na região de presidente prudente
Polícia Militar - Aglomerações têm sido alvo de fiscalizações na região

Festas barradas pela fiscalização

A reportagem acompanha com frequência as ações de combate às festas clandestinas na região. No último final de semana de novembro, a CPJ (Central de Polícia Judiciária) impediu a realização de dois eventos em Prudente. Em um dos casos, a organização criou vários grupos em um aplicativo de comunicação por telefone celular, chegando a um total aproximado de 3 mil pessoas convidadas.

Em Osvaldo Cruz, duas festas foram barradas em setembro, uma delas com menores de idade e consumo de drogas e bebidas.

Fora as que chegam ao conhecimento das autoridades, outras aglomerações ocorrem em áreas rurais ou dentro de residências, sendo que, em algumas vezes, nem mesmo os vizinhos têm coragem de denunciar.

A Prefeitura de Presidente Prudente chegou a criar um canal online para denúncias, o que não necessita obrigatoriamente de identificação. Há também canais da Vigilância Sanitária pelo telefone (18) 3916-2750; Sedepp (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico) e a Polícia Militar no 190.

Fiscalizações continuam

A respeito da fiscalização, a Secretaria de Estado da Saúde informou que continuam ocorrendo.

De acordo com a pasta, o balanço atualizado de fiscalizações realizadas pela Vigilância Sanitária estadual entre 1º de julho de 2020 e 24 de janeiro totaliza 161.680 inspeções, e 2.225 autuações. No último final de semana, foram feitas 2.621 inspeções, e realizadas 36 autuações por descumprimento às normas. “Toda abordagem é feita com foco na orientação sobre o uso correto das máscaras, prezando pela educação e bom senso, visando, sobretudo, a conscientização sobre a importância do uso de máscara para proteção individual e coletiva. É responsabilidade dos estabelecimentos prezar pela segurança dos seus colaboradores e consumidores”, disse.

“Com o recrudescimento da pandemia em diversos países, inclusive no Brasil, é importante reforçar que o respeito às recomendações do Centro de Contingência e ao Plano São Paulo, bem como todos os protocolos sanitários por parte da população, são fundamentais para evitar a transmissão do novo coronavírus e, consequentemente, que mais pessoas adoeçam e necessitem de atendimento hospitalar. A secretaria insiste na importância da colaboração da população para o enfrentamento da pandemia”.

Sobre o funcionamento das atividades, a pasta salienta que mantém canal aberto com todos os setores da economia e representantes de associações. “A decisão de permitir atividades essenciais após as 20h e até as 6h em dias úteis, e integralmente nos finais de semana, foi adotada após recomendação do Centro de Contingência do coronavírus, para evitar aglomerações e a disseminação da doença”.

“Reconhece a gravidade da crise econômica global e os impactos no setor. O diálogo com estes setores é constante e o Estado já desembolsou quase R$ 2 bilhões de crédito pela Desenvolve SP, Banco do Povo e Sebrae[Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] para auxiliar empreendedores a atravessarem a crise. Ressalta, ainda, que está estudando novas linhas de crédito para ajudar os setores mais afetados pela pandemia”, informou a Saúde. 

Publicidade

Veja também