Empresas, sejam responsáveis!

OPINIÃO - Roberto Mancuzo

Data 19/04/2020
Horário 08:08

Vou contar duas histórias.

Em uma delas, um empresário que faz o melhor hamburguer do mundo vem a público dizer que infelizmente milhares de pessoas vão morrer mesmo com o Covid-19 e de quebra também anuncia a demissão de trabalhadores.

Em outra, uma empresária, cujo nome começa com Luiza e termina com Helena Trajano, do Magazine Luiza, decidiu fazer o que todo líder ama em um período de crise: crescer! Assim, a empresa dela foi signatária do manifesto “Não Demita”; liberou o próprio site para conexão direta com o sistema da Caixa Econômica Federal que possibilita acessar o auxílio emergencial de R$ 600; e acaba de lançar uma plataforma digital de vendas para auxiliar pequenas empresas e profissionais autônomos. Beneficiou consumidores, funcionários e parceiros em uma tacada só.

Quem você acha que será mais lembrado ao final da crise que se instalou com o Covid-19?

Quando comecei a estudar e a trabalhar com planejamento estratégico em Comunicação, aprendi que as empresas devem mostrar que são responsáveis socialmente. Isso é o marketing social, termo criado pelo professor Philip Kotler. Mas posso afirmar categoricamente que na maioria dos planos estratégicos que li, e até mesmo participei, as proposições não passavam disso: “proposições”.

Daí, voltamos à pergunta que fiz no começo do texto. Quem você acha que sairá na frente quando a ordem natural das coisas voltar? O hamburgueiro sincero enquanto empresário, mas egoísta e arrogante, ou a dona Luiza que resolveu crescer dando as mãos para quem mais precisava?

A reputação das empresas está em jogo com o Covid-19 e ser responsável socialmente agora é muito mais do que apenas discursar.

Felicidade agora é poder voltar a estar junto, é ter o emprego garantido, ter álcool gel à disposição e conseguir os R$ 600. Felicidade agora precisa mais do que nunca de materialidade.

Empresário, leia isso: imagem é uma superfície que representa algo. Nunca passou disso e durante anos as empresas surfaram, e ainda surfarão, em grandes campanhas para ser uma presença imagética na mente dos consumidores. A questão agora é que não estamos mais falando só de imagem. O Covid-19 implantou a necessidade de trabalhar e materializar a identidade empresarial.

Empresas costumam ser o reflexo de seus donos e o consumidor está de olho mesmo em que medida o empresário consegue ser humano para além do discurso.

Eu vou me lembrar muito de quem pregou o caos e a morte e vou ser o melhor amigo de quem esteve ao meu lado nesta fase tão difícil.

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