ENTREVISTA - Maria Cristina Borges Madeiral, Tute

Esportes - JEFFERSON MARTINS

Data 24/12/2016
Horário 08:35
 




SECRETÁRIA DE ESPORTES DE PRESIDENTE PRUDENTE

 

Minha maior tristeza é não concluir o Centro Olímpico de PP

 
Ao longo dos últimos oito anos, a cadeira de titular da Semepp (Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente) esteve ocupada por Maria Cristina Borges Madeiral Netto, Tute. Segundo ela, foi uma série de alegrias, "dissabores", mas acima de tudo, um grande aprendizado. No entanto, a ex-jogadora de basquete - que passou a ocupar o cargo de gestora - não esconde a frustração de não ter conseguido entregar a obra do Centro Olímpico – travada pela falta de recursos do Ministério do Esporte devido à crise financeira vivida pelo país.Jornal O Imparcial

 

Qual o balanço que você faz da sua gestão à frente da Semepp?

A nível esportivo, a gente seguiu as manifestações no sentido de formação. Trabalhamos o tempo todo com o objetivo de fomentar a grande maioria das modalidades. Em termos de equipamentos, houve um acréscimo gigantesco. Tínhamos em 2008, o Ginásio Municipal de Esportes Watal Ishibashi, o PUM (Parque de Uso Múltiplos) com uma quadra e o Ginásio da Vila Iti. Hoje estamos encerrando o governo, e além destes espaços modernizados, o PUM ganhou mais duas quadras, um anexo. Várias quadras em bairros foram cobertas, a quadra do Parque do Povo foi modernizada. Manutenção dos campos, que em Prudente todos têm grama. Houve um crescimento muito grande na questão de equipamentos esportivos. Conseguimos conquistar um espaço maior, com mais oito professores aprovados em concurso, que vem repor um pouco já que estamos com alguns profissionais se aposentando. A gente pode traçar algumas metas e saímos com elas concluídas.

 

Quais foram as principais conquistas ao longo deste período?

Procuramos fazer tudo com meritocracia. Conseguimos vários títulos. O caratê, por exemplo, tivemos uma fatalidade, perdemos o professor Renato Franco . Algumas pessoas não acreditavam na continuidade da modalidade, mas a gente conseguiu estabelecer um novo processo, temos campeã escolar mundial, campeãs brasileiras, estaduais e foi muito bacana. O time de basquete sub-16 campeão Paulista, quebrando a hegemonia de um clube da capital. E era a única Prefeitura presente no campeonato. No atletismo e na natação, vários campeões. Fruto e mérito dos nossos profissionais. Eu sempre digo que aqui na Semepp estão os principais profissionais da cidade. Eles conseguiram demonstrar isso ao longo dos anos.

 

Qual o legado construído?

Na questão da educação, estamos com um projeto de handebol que é maravilhoso no Cidadescola, que são formas e mecanismos de alimentar o que a gente chama de cadeia produtiva, já que incentiva pela continuidade. A questão do futebol, com profissionais da casa, outros fora também a nível de parceria, jogar uma série de finais. O que é um esforço muito grandioso, levando em conta a nossa posição geográfica. Quando um Pinheiros vem uma vez para Prudente, a gente vai dez vezes para lá e é tudo complicado, não muito barato, mas a gente conseguiu. Viemos para certas situações e elas aconteceram.

 

Como fazer esporte de formação com recursos escassos?

Aqui em Prudente é uma coisa meio que atípica. A gente vem trabalhando isso há alguns anos e ainda não se efetivou. Em Rio Preto, Bauru, outras cidades, existem os clubes. A gente disse muitas vezes, eu fiz algumas reuniões com os pais e expliquei que tem que ter uma associação, já que ela seria o nosso grande aliado. Pois o que falta, a gente precisa buscar. Para poder estabelecer o basquete, tivemos que acabar com o vôlei. Em contrapartida, eu tive que fazer uma reunião com os pais, para ter a parceria deles com relação a Liga do interior, para as outras categorias seguirem, já que o custo da Federação Paulista é muito superior. Mesma coisa com a natação, que às vezes a gente não conseguia custear todas as despesas e eles colaboravam, pois tem a associação, está estabelecida.. O esporte não se faz de uma hora para a outra. Mas não dá para esperar o ciclo. Esse ano, todas as nossas propostas em termos de resultado técnico evoluíram.

 

Há oito anos atrás, quando recebeu o convite para assumir a pasta, qual foi a maior dificuldade enfrentada?

Eu não esperava. Nunca passou pela minha cabeça. Eu sempre fui operária. E quando o Tupã me convidou, eu encarei como um grande desafio profissional. Eu estava sempre inserida, na função de coordenação. O primeiro momento, o que eu senti de impacto, foi de assimilar a parte administrativa. A parte técnica a gente toca, mas na gestão, aprender o funcionamento das licitações é complicado. E logo de cara tivemos uma série de obras, coordenar tudo isso foi uma missão muito bacana. E todos os anos, a gente trouxe um grande evento, em parceria com a Secretaria do Estado. Um aprendizado meio intenso, na marra, mas a gente acaba aprendendo por ser um formato repetitivo. Me causou estranheza, mas saindo bem mais experiente do que eu entrei. Alguns dissabores, mas com mais alegrias. Nos últimos dias, eu recebi algumas cartinhas de crianças do caratê, que elas fizeram encerramento e essa foi uma modalidade que a gente teve que socorrer, eu cheguei a viajar com as crianças, até para dar segurança aos pais. E você acaba lendo, é gratificante. Pega uma criança que tem a alma pura e falar ‘você merece o céu, porque conseguiu fazer com que o sonho não morresse’, e eles sentiram demais a perda do Renato Franco. Isso faz a gente ver que valeu a pena cada noite mal dormida. As idas para São Paulo, para Brasília pedir verbas...

 

Qual foi a maior decepção da sua gestão?

Foi não ter concluído o Centro Olímpico. Eu esperava que a gente fosse terminar. Esperava que a gente tivesse isso aqui brotando, junto com grandes momentos que o país viveu na Copa do Mundo e Olímpiadas. Então fez muito falta terminar essa obra. Mas isso independe do município. São verbas carimbadas do Ministério do Esporte e os recursos ficaram atravancados por conta da crise. Eu tenho esperança que deva ser concluído em breve, pois faz muita falta para a cidade.

 

Como foi ter feito parte efetivamente da passagem da Tocha Olímpica por Presidente Prudente?

O momento da tocha foi algo que a gente não esperava. Quando recebemos a missão do Exército que ia passar em Prudente, aí fomos pesquisar e entendemos o processo. Fomos até Juiz de Fora , que é o lugar mais perto daqui, dava 11 horas de viagem. Entramos no carro e fomos, paramos para abastecer e comer. Quando vimos o que o pessoal tinha preparado, pensamos e vimos que o negócio era muito maior. Começamos uma série de reuniões com o prefeito, pois se transformou em uma missão de governo. O resultado aqui foi de imediato, a população na rua, eu lembro cada metro que andei no ônibus, cada metro que andei com a tocha. Que privilégio que Prudente teve. Nós tivemos uma participação muito bonita. O importante é que neste período Prudente nunca saiu do contexto do esporte. Sempre a gente teve um histórico de revelar e de ter passado por aqui grandes atletas. A Hortência, o revezamento que foi prata em Sidney. É uma cultura que está enraizada na nossa cidade.

 

O ex-atleta Claudinei Quirino foi nomeado o novo secretário e assume a partir de 1º de janeiro. Como será o processo de transição? Qual a sua dica para ele?

Vamos receber o Claudinei, estou à disposição para transmitir para ele o que for preciso e necessário para que ele siga um bom trabalho. Vamos estar abertos em todas as dúvidas que ele tiver. Acho que vai ser tranquilo, ele tem experiência de gerenciar um bom projeto. Ele toca o projeto dele com a Caixa. E quando entra na máquina aprende, a gente tem respaldo de uma série de profissionais. Acho que ele vai fazer uma boa gestão. Ele tem vivência esportiva e a receita é ter amor pelo esporte. Só digo que ele seja mais apaixonado do que é e desejo toda a sorte do mundo na jornada.

 

 
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