Erasmo, o homem que manteve a sua fama de bom

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista fã do Tremendão

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 24/11/2022
Horário 05:30

Ao contrário do que diz o verso do rock "Minha Fama de Mau", Erasmo Carlos nunca teve fama de mau.  Ele sempre foi um homem bom por mais de oito décadas de vida. Cabia-lhe bem o epíteto de Gigante Feliz. Tinha mais de 1,90 de altura. Era gigante no tamanho, no talento e na generosidade.
"Era coração puro", disse Milton Nascimento ao falar do amigo que uma vez lhe salvou a vida. Aconteceu no Rio de Janeiro: Milton atravessava uma rua na Urca e não viu a aproximação de um carro. Estava com Erasmo. Só não foi atropelado porque Erasmo o empurrou com força, afastando Milton do veículo. "Nem o atropelamento seria mais forte do que o seu empurrão", brincou o cantor mineiro.  
Com o parceiro, um certo Roberto Carlos, que nunca arriscou o pescoço em questões, digamos, sócio-políticas, Erasmo Carlos compôs mais de 500 músicas. São incontáveis os sucessos da dupla na voz do Zunga, apelido de Roberto. Afinal, quem nunca ouviu, por exemplo, "Quero que Vá Tudo Pro Inferno", "Sua Estupidez", "Detalhes", "Se Você Pensa", "É Proibido Fumar", "Emoções", "É Preciso Saber Viver" e tantas outras canções?
Como intérprete, diria que Erasmo (Erasmo Esteves no RG) "mandou bem". Ele está bem nas gravações do já citado "Minha Fama de Mau", "Coqueiro Verde" (fala do jornal O Pasquim), "O Caderninho", "Gatinha Manhosa" e "Mesmo que Seja Eu". 
Em um dos versos de "Mesmo que Seja Eu", ele diz pra mulher que ela precisa de "um homem seu, mesmo que seja eu". Perfeito! Bela sacada. É um rock bonito e romântico. Erasmo também gravou "Vem Quente que Eu Estou Fervendo", de Eduardo Araújo e Carlos Imperial. Eduardo também gravou e, para ser sincero, não sei qual dos dois se saiu melhor. Isso, porém, não tem a menor importância nesta prosa deste aristocrata e charmoso cronista.
Vocês sabem: esse negócio de direito autoral dá rolo quando há suspeitas ou acusações de plágio. A dupla Roberto e Erasmo não escapou disso. Um dos maiores sucessos do Tremendão é "Sentado à Beira do Caminho", mas houve encrenca e parece que o caso foi parar na Justiça.
Um compositor argentino acusou a dupla de plagiar sua canção "Cortando Camino" e não deixou barato. Entrou com ação. Não sei como isso terminou. Em suma: não sei o desfecho. Há outras suspeitas de plágio envolvendo a dupla, mas não é hora de alimentar polêmica. Um amigo radialista acha que música "é quase tudo igual". 
Erasmo Carlos deixou sua marca no mundo e o rock nacional não seria o mesmo sem ele. Erasmo não foi exatamente um pioneiro do rock no Brasil. Não devemos esquecer, até por uma questão de Justiça, que antes da Jovem Guarda a música da juventude, se me permitem a expressão, contava com Carlos Gonzaga, Celly Campello, Tony Campello e Sérgio Murilo. O diabo é que eles só gravavam versões e a Jovem Guarda deu um basta nisso, o que, aliás, foi bom.  
No arremate, lembro que o cantor Cauby Peixoto gravou, em 1957, o primeiro disco de rock produzido no país. Título: "Rock And Roll em Copacabana", de Miguel Gustavo. E Nora Ney, famosa pelos sambas-canções, gravou a versão de "Rock Around The Clock", sucesso mundial de Bill Halley e Seus Cometas.

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