A ginecologista e obstetra, Dra. Nilva Galli foi uma das palestrantes do 4º Simpósio Unilab de Medicina Laboratorial, realizado na última terça-feira, e abordou com profundidade o tema "Climatério". A especialista, que também é coordenadora da Faculdade de Medicina da Unoeste, iniciou sua fala destacando a importância de se entender essa fase da vida da mulher, que antecede e culmina na menopausa – definida como a última menstruação, confirmada após 12 meses consecutivos sem fluxo.
Dra. Nilva enfatizou que o climatério é um período marcado por significativas mudanças no corpo feminino, exigindo uma abordagem de cuidado que vai muito além da possível reposição hormonal.
Sintomas vão dos fogachos à "lembrança" da vulva
A palestra detalhou os sintomas comuns do climatério, que são causados principalmente pela diminuição dos níveis de estrogênio. A médica listou desde os mais conhecidos, como os fogachos (ondas de calor) e a insônia, até os menos discutidos, mas igualmente impactantes.
"Os sintomas psicológicos, como nervosismo, depressão, irritabilidade, labilidade emocional, alteração de humor, problemas de memória e a diminuição da libido", foram citados pela doutora. Ela também chamou a atenção para a atrofia genital, que causa secura vaginal e pode tornar as relações sexuais dolorosas.
"É um período em que a vida sexual, ela realmente fica mais difícil. Além de não ter vontade, a vagina não está receptiva para a relação sexual", explicou.
Cuidados essenciais: anticoncepção, peso e vacinação
Um dos alertas mais importantes feitos pela Dra. Nilva foi sobre a necessidade de manter a anticoncepção durante o climatério. "Enquanto se menstrua, é porque a mulher está ovulando. Não importa se é a cada dois meses, a cada três meses", afirmou, relatando um caso real de uma avó de 45 anos que engravidou. A recomendação é de que a proteção contra uma gravidez não planejada seja mantida até um ano após a confirmação da menopausa.
A médica também destacou a tendência ao ganho de peso, explicando que a falta de estrogênio desacelera o metabolismo. "Quando somos jovens com estrogênio, nós parecemos uma perinha. E quando chega o climatério e a menopausa, nós viramos uma maçã". Ela ainda explicou um mecanismo compensatório do corpo: a gordura corporal converte hormônios masculinos em estrogênio, o que atenua os sintomas, mas é um fator de risco cardiovascular e, crucialmente, contraindicado para mulheres com histórico de câncer de mama dependente de hormônio.
Outros cuidados essenciais citados foram a atividade física e a atenção à saúde bucal e vacinal. "A mulher... ama mexer no jardim. E no jardim tem terra, e na terra tem bactérias... e muitas vezes ela não toma a dupla adulto e ela acaba adquirindo tétano", alertou.
Reposição hormonal tem indicação precisa e contraindicações claras
Sobre a TH (Terapia Hormonal), a Dra. Nilva foi muito clara: ela é o tratamento mais efetivo para sintomas como fogachos, insônia e atrofia vaginal, além de ajudar na prevenção da osteoporose. No entanto, sua indicação deve ser individualizada.
"É um tratamento-- é o tratamento mais efetivo para os sintomas da peri e pós-menopausa", disse, baseando-se no Consenso Brasileiro do Climatério de 2024. A via de administração transdérmica (adesivos ou gel) foi destacada como a mais segura para mulheres com fatores de risco cardiovasculares, por não sobrecarregar o fígado.
A especialista listou as principais contraindicações para a TH:
• Sangramento vaginal sem causa definida.
• Doenças hepáticas.
• Histórico de câncer de mama.
• Doenças coronarianas, AVC ou infarto.
• Histórico de tromboembolismo venoso.
Ela também reforçou que, para mulheres com útero, a terapia deve ser combinada (estrogênio e progesterona) para proteger o endométrio.