O movimento cultural interliga diversas variantes que incluem a expressão artística, seja de forma liberal ou opinativa. O olhar minucioso de acontecimentos que alteram a rotina, desmistificado através do desenho, que em suas mais variadas formas dão espaço à opinião e às cores. Grafite é a prática que envolve o segmento do hip hop, principalmente pelo motivo de expressar toda a opressão que a humanidade vive, refletindo a realidade das ruas e caracterizando ligações que desmistificam a liberdade de expressão muitas vezes oprimida pelo tempo e espaço. Neste contexto, entram em cena personagens de Presidente Prudente, que adotaram a arte como estilo de vida, fazendo disso também seu trabalho.
Joaquim Pereira Elias, que ministra diversas oficinas nos Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e Creas (Centro Especializado de Assistência Social) da cidade, revela que prefere demonstrar sua arte em espaços que transmitam visibilidade não pela beleza, mas pelo contexto que pode trazer para o monumento.
Na última sexta-feira, ele esteve reunido com os artistas Juliano Tadeu Alves de Almeida e Juliana Scorza, na Art Gesso São Francisco, para ilustrar o estacionamento do empreendimento. Foram tintas e música, tendo em vista que Almeida é DJ, caracterizando dois elementos da cultura hip hop.
"Todo mundo é acostumado a pintar em lugar bonito, mas nós gostamos de transmitir visibilidade a lugares que ninguém olharia. Esse espaço estava um pouco abandonado, mas não deixa de ser um lugar bonito. O empreendimento é uma referência, resolvemos propor a ideia e foi aceita", comenta Elias.
Por sua vez, Paulo César de Oliveira, proprietário da Art Gesso São Francisco, revela que incentiva qualquer tipo de expressão relacionado à arte. Ele aponta que o local estava "apagado" e que apoiou a proposta dos grafiteiros. "Ficamos impressionados com o trabalho, pois o grafite é uma arte livre e que traz vida, independente de seu contexto. Por isso, apoio qualquer tipo de expressão que envolva a expressão dos artistas", enfatiza.
Já em relação ao desenho estampado nas paredes, Elias esclarece que cada um tem sua característica, mas opinou por retratar o cenário que muitos vivem para atingirem o poder. "Muitos estão se engolindo, fazem de tudo para crescer na vida, por isso trouxe os peixes e as pessoas como iscas. Essa é minha visão atual de mundo", destaca o grafiteiro.
