Estudantes reclamam da qualidade da merenda em escola estadual

Alunos de Prudente se queixam de alimentos “duros e sem gosto”; Estado garante que situação está sendo normalizada

- GABRIEL BUOSI

Data 15/02/2019
Horário 08:01

Os estudantes da Escola Estadual Placídio Braga Nogueira, em Presidente Prudente, desde o primeiro dia de aula do ano letivo que acaba de ter início estão enfrentando problemas, como eles mesmos definem, em relação à merenda oferecida nos intervalos. As reclamações são em relação à baixa variedade de alimentos, diferente do que ocorria em anos anteriores, e ao “descaso com os alunos”, que não enxergam melhorias. A dirigente da Diretoria de Ensino da Região de Presidente Prudente, Naide Videira Braga, por sua vez, explica que a merenda escolar no município passou por um processo de transição, ressaltou que tanto pais quanto alunos estão sendo ouvidos e afirmou que é preciso compreensão e ajuda dos estudantes neste momento.

Três alunas da unidade de ensino em questão foram ouvidas pela reportagem e nenhuma delas permitiu que fosse divulgada a sua identidade. A primeira, do oitavo ano do ensino fundamental, informou que está desde o quinto ano na escola, sendo que essa é a primeira vez em que a merenda é desaprovada pelos colegas. “Diferente de muitas escolas, a nossa sempre foi elogiada por ter uma comida de qualidade. Nossos intervalos eram os momentos mais esperados, pois a comida era boa mesmo. Neste ano as coisas mudaram um pouco, vimos que a equipe foi trocada, não sei se esse foi o motivo, e a diversidade de alimentos não existe mais”, comenta.

A segunda aluna, também do oitavo ano, afirmou que nos primeiros dias de aula a escola estava oferecendo arroz e feijão preto, ambos “sem nenhum gosto”, o que fez com que muitos alunos estranhassem. “Fora o macarrão, que era para ser com molho vermelho e frango, mas que de molho não tinha nada. Eu me sinto bem mal com isso, pois você fica com fome e não tem outra escolha”. A terceira e última estudante lembra que já viu colegas levando marmita de casa para “não passar fome”, já que, além da comida “sem gosto”, a outra opção, muitas vezes, é a bolacha de água e sal. “Eu, por exemplo, não cheguei a reclamar, pois se não comer eu ficarei com fome. Só espero que mude logo essa situação”, afirma.

Processo de adaptação

A dirigente da Diretoria de Ensino esclarece que para o ano letivo de 2019 as escolas estaduais do município passaram por uma mudança, pois até 2018 o serviço de merenda escolar era realizado em parceria com a Prefeitura, e agora é gerido apenas pelo Estado, visto que a administração municipal optou pelo não aditamento do convênio. “Houve um processo de contratação de uma empresa para fazer a manipulação dos alimentos, contratação de merendeiras e isso tudo seguiu a legislação, conforme o regulamento. Tivemos alguns problemas e não negamos isso, pois foram apenas 20 dias para essa transição, mas as escolas possuem acompanhamento de nutricionistas, que não permitem prejuízos aos estudantes”.

Ainda conforme Naide, a Secretaria de Estado da Educação teria mandado alguns produtos que não são “de hábitos de consumo da região”, além de outros insumos que foram chegar apenas nesta semana, como algumas verduras e legumes. “Esses produtos que estavam em falta já começaram a chegar e agora contamos com a ajuda dos alunos, que vão norteando nosso trabalho, mas que receberão todos os nutrientes que precisam. Hoje, por exemplo, a escola em questão teve um cardápio com tudo o que eles precisam. O arroz que é carboidrato, o feijão que tem ferro, atum que é proteína e uma verdura. Aos poucos a situação será normalizada”, afirma.

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