Estudo em Prudente considera que herbicida glifosato é capaz de causar fibrose e processo inflamatório

Orientação para quem usa agrotóxico é de que equipamentos de proteção individual são indispensáveis; resultados foram obtidos a partir de ratos expostos ao produto

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 03/04/2024
Horário 18:14
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Herbicida glifosato é discutido devido à sua grande expansão no mercado agrícola
Herbicida glifosato é discutido devido à sua grande expansão no mercado agrícola

Exposições inalatória e oral ao herbicida glifosato são capazes de provocar alterações dérmicas como fibrose e processo inflamatório, conforme estudo científico desenvolvido no mestrado de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente. O resultado foi divulgado em recente defesa pública da dissertação pelo médico Lucas Freitas Bergamaschi Pereira da Silva. A orientação para quem usa esse tipo de produto é a de que os equipamentos de proteção individual são indispensáveis.

O estudo levou em conta que o Brasil é considerado o país que mais consome agroquímicos em todo o mundo, sendo um fato preocupante para a saúde pública e ambiental. Também considerou que as formas de exposição aos agroquímicos são variadas, dentre elas as mais encontradas são a exposição oral e inalatória, podendo gerar diversos malefícios a saúde, atingindo órgãos e sistemas.

Danos à saúde

Outra consideração é a de que, dentre os vários agroquímicos utilizados no Brasil, o herbicida glifosato vem sendo popularmente muito discutido devido a seus possíveis danos à saúde e sua grande expansão no mercado agrícola. O objetivo do estudo foi avaliar a presença de fibrose e de mastócitos na epiderme do dorso de ratos submetidos às exposições inalatória e oral ao glifosato, utilizando-se de métodos histológicos, e comparar os resultados entre os tipos e concentrações de exposição.

Conforme o autor apresentou em sua dissertação, o estudo foi aprovado pelo Ceua (Comitê de Ética no Uso de Animais), com material armazenado proveniente de 112 ratos Wistar machos divididos aleatoriamente em oito grupos de concentrações diferentes ao herbicida (baixa, média e alta), sendo quatro grupos expostos por via inalatória e quatro grupos expostos por via oral. A exposição foi realizada por 180 dias. Depois, os animais foram eutanasiados e coletado tecido epitelial a fim de analisar os processos patológicos por meio das colorações de azul de toluidina e picrossirius.

Causas e alerta

“Nos resultados, notou-se maior quantidade de fibrose nos grupos de alta concentração do glifosato em relação aos de média e baixa concentração, com uma alteração muito mais acentuada no grupo inalatório em relação ao grupo exposto de forma oral. Observou-se alteração da quantidade de mastócitos íntegros e degranulados principalmente no grupo inalatório”, apontam dados da dissertação que remetem às causas encontradas no estudo e ao alerta para quem faz uso do tipo de herbicida.

Na pesquisa com o título “Comparação morfológica do tecido epitelial do dorso de ratos expostos cronicamente por via inalatória e oral ao herbicida glifosato”, o médico Lucas teve a orientação de Renata Calciolari Rossi e estiveram envolvidos em iniciação científica os estudantes do curso de Medicina, Ana Clara Grandi Calarge, Caio Germanovix, Isadora de Araújo e Maria Tavares Silvestrini Tiezzi. A avaliação foi feita por Ana Clara Campagnolo Gonçalves Toledo, da Unoeste, e Ana Karina Marques Salge Mendonça, da Universidade Federal de Goiás. O autor do estudo foi aprovado para receber o título de mestre em Ciências da Saúde.

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