Eterno aprendizado 

Giselle Tomé

CRÔNICA - Giselle Tomé

Data 02/12/2022
Horário 07:40

Antes de nos tornarmos pais, a gente fica pensando em várias coisas, entre elas: qual será a aparência dos nossos filhos, terão os traços do pai? Os meus? Os olhos claros dos avós? Como será seu rostinho, como irei ensinar tudo o que eu aprendi durante esses anos e, tudo que eu li na gestação: Livro do bebê, como educar filhos e por aí vai. 
Porém, quando eles nascem, descobrimos outras coisas, entre elas, a mais importante: que não sabemos nada. Ficamos tão frágil, quanto o bebê. Será que saberei cuidar, será que saberei ensinar? São tantas incertezas e dúvidas que, se entrarmos na paranoia de ficarmos pensando, não seguimos em frente e... seguir em frente, para quem tem filhos para criar é obrigatório.
O fato é que nossos filhos nos ensinam muito mais do que ensinamos. É um aprendizado constante, principalmente, sobre como não perder a beleza da vida. Em casa, tenho dois grandes laboratórios: Sofia e Maria Clara. Com elas eu aprendo a ver beleza em pequenas coisas que eu não via mais. “Maria, vem ver o beija-flor”, convida a Sofia, encantada. “Mãe, olha a Lola [nossa cachorrinha] dormindo no sofá”. A ótica com que as crianças enxergam o mundo recupera a nossa pureza adormecida e, pode acreditar, é mágico!
Outro dia, preparando as lancheiras das crianças, a Maria Clara, 5 anos, me disse do nada: “Você é uma ótima mãe. Obrigada por fazer nosso lanchinho”. Ela não imagina o quanto de amor trouxe para meu dia. Elas me ensinam diariamente sobre algo que anda meio esquecido e que, às vezes, não pratico: gentileza. 
Bom, a Maria Clara se formou [pré]. Que alegria! Nossa, como o tempo passou!, pensei quando recebi o convite da formatura. No dia tão esperado, durante a cerimônia, o locutor foi chamando as crianças pelo que elas sonhavam em ser: agora o futuro policial, bombeiro, médica, veterinária e... por aí afora. Logo cutuquei meu marido: “Alisson, a Maria vai falar que quer ser bailarina e costureira”, ri lembrando que ela andava comentado sobre isso em casa e eu não estava entendendo o motivo. Pronto, descobri naquele exato momento. Estavam falando sobre isso em sala. 
E agora a futura costureira e bailarina Maria Clara Tomé Kuhn. Levanta a Maria, sorridente, toda feliz, e foi receber o certificado. Rimos e nos orgulhamos. Nos orgulhamos por termos crianças inocentes, que sonham com uma profissão porque simplesmente a admiram, sem pensar em remuneração, status ou coisa parecida. Em casa, quando ela falou isso, comentei: “por que quer ser costureira?” e ela respondeu: “Para ter uma loja bem grande onde quem não pode comprar também possa ganhar uma roupa linda”!. Diante de tanta certeza, eu disse: “Então, estude para ser a melhor costureira. O estudo vai te proporcionar coisas incríveis”. Daqui até a faculdade teremos um longo caminho e a escolha pode mudar, só espero que a pureza de seus sonhos permaneça. 
Obrigada minhas princesas por manterem em mim o brilho que só o coração de uma criança consegue demonstrar. 
 

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