Ex-Miss narra história de superação de vida

Ela será homenageada e participará de concursos como o Misters Classic Universal Brasil 2017 e Misters Universo em Oruro, na Bolívia

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 24/06/2017
Horário 13:04

Após vencer um câncer e conviver com sequelas terríveis, envolvida no meio glamouroso dos grandes concursos de misses, por mais 30 anos, a venceslauense Solange Aparecida Durante Maemura, 54 anos, que foi eleita em 2000 como Miss Mulher Casada será homenageada por representantes importantes dessa área da beleza e ainda participará do Misters Classic Universal Brasil 2017 e Misters Universo em Oruro, na Bolívia.

“É a primeira vez que uma brasileira casada está indo para este concurso em Oruro, na Bolívia. Eu não esperava, eles dizem que querem que eu seja um exemplo. Especialmente, para mulheres que lutam contra um câncer, uma depressão. Como eu fiz e faço. Eu não me entrego”, ressalta a miss.

Respeitada no meio, além de brilhar nas passarelas, Solange que também conduzia outras várias candidatas em concursos, conta que entrava para ganhar mesmo.

“Após 31 anos não dá mais. Meu mental aguentaria até os 100 anos, mas minha matéria não. Me senti honrada e feliz em saber das homenagens, agora no dia 25, por Sérgio Bredo, como a Mulher Destaque. E de 6 a 8 de outubro, no Miss Brasil Model pelo trabalho como Misters América Model. Eles me inscreveram ainda no Mister Universo! Preciso, entre vários, agradecer imensamente ao comendador Edgar Lopes”, exclama quase que não acreditando a “mulher guerreira”, como ela mesma se define!

Solange que tem formação como teóloga, administradora de empresas, advogada e pedagoga é tão envolvida com o mundo da beleza que montou seu próprio ateliê, Emi Encantos, do qual ela exporta para todo o Brasil e exterior. Inclusive, conforme ela, todos os anos o cônsul da Bolívia encomenda um vestido para a sua candidata. “Tenho responsabilidades com noivas, madrinhas, debutantes, formandas. Sempre fui muito criativa, adoro bordar. Em termos de estilismo já ganhei vários concursos”, expõe a estilista.

Falando de seus títulos com orgulho ela diz que foi por dois anos seguidos (2001 e 2002) a Mulher de Ouro a pedido do Parlamento Latino Americano. E o último que conquistou foi em 2008 como Embaixadora da Beleza Brasileira. Dentre várias boas lembranças, em seus registros fotográficos ala guarda com carinho fotos ao lado dos cônsules Dario Valdivia Almanza, consul da Bolívia em Washington Estados Unidos e Jaime Valdivia Almanza, cônsul geral da Bolívia no Brasil.

Uma de suas filhas Elizabeth, foi Miss São Paulo juvenil, Miss Brasil juvenil e no Equador eleita Miss Universo juvenil. A mãe de Solange também receberá o título de Mulher de Ouro Brasil, por todas as dificuldades que também já passou nessa vida.

 

Perseverança e fé

Solange diz que evita dizer que está doente, mas quando souberam que ela estava com câncer, há uns três anos, todo pessoal de uma série de concursos de beleza como o Miss Brasil Model, Miss Brasil Ecologia, Miss Brasil Comércio, entre outros, se mobilizou e essas homenagens começaram.

Ao falar de seu sofrimento, ela encontra palavras que confortam até os mais desacreditados. Para ela não precisa conseguir tudo, mas precisa começar do lugar em que está. Se uma coisa boa acontece hoje e uma centena de coisas ruins também, fale sobre a coisa boa mil vezes e nem mencione as ruins. “Precisamos entreter nossa mente sem parar com as coisas que trazem bons sentimentos. Precisamos enfatizar tudo nos faz bem. Acredite, sei que é fácil falar e muito difícil fazer... Mas, tente... com fé. Muitas vezes confesso que o que mais quero é colo. Eu não sei quanto tempo de vida eu tenho, mas enquanto isso eu quero lutar. Quero viver e não posso deixar a depressão e a dor tomarem conta de mim. Quem me vê não imagina o que tenho. Que continue assim [risos]”, enfatiza a miss.

 

Resiliência

Solange faz questão de mostrar como tudo aconteceu com ela. O diagnóstico de câncer da paratireóide, raro, segundo ela, foi descoberto após ela, aos 45 anos, torcer o pé ao descer do avião em uma viagem a Ribeirão Preto. Absurdamente inchado, dali mesmo foi levada às pressas ao hospital, onde o médico plantonista ao ver os exames lhe perguntou se ela sentia dor no outro pé. E ela respondeu-lhe que em todo o corpo.

Ele então salientou que a priori era ver seus pés, pois não sabia o que estava acontecendo com ela, mas podia afirmar que estava com uma osteoporose hiperagressiva. Que não tinha mais ossos nos pés e não sabia como ela estava andando.

Já em Presidente Prudente, com os ossos esfacelados, em tratamento com o médicoi Ednaldo Caires ela precisou colocar próteses nos pés. Ainda assim não desanimou. Teve que reaprender a andar. Sempre se achando mais forte que a doença foi se recuperando a cada dia. Até então ninguém imaginava que isso era um câncer se desenvolvendo. “Nisso fazendo a fisioterapia quebrava uma perna, depois a outra até totalizar 18 fraturas. Aí o Ednaldo já não sabia mais explicar aquilo. Como minha mãe teve osteoporose aos 40 anos, tendo que fazer transplante de fêmur e joelho, achamos que fosse hereditário. Mas, tinha algo errado, os meus dentes começaram a cair, do nada. Em dois meses foram oito dentes”, recorda.

A peregrinação por outros médicos começou até o seu lhe encaminhar para Simão que a atendeu na hora e perguntou quem tinha pedido um exame que ela lhe levou, marcado com um x em específico. E quando ela lhe perguntou por que, ele respondeu que ela era a segunda paciente que ele conhecia com este diagnóstico, uma doença grave que a pessoa descobriu tarde demais.

“Mas, é aquele negócio, a gente nunca imagina o pior com a gente e ele disse que iria me encaminhar para um amigo. E eu brinquei dizendo que aquele dia era dia dos amigos. Ele me passou o endereço e muito crente em Deus, independente de religião, crente NEle que é a base de tudo e acreditando que Ele queria algo de mim. E apenas agradecia a Ele”, acentua.

Quando chegou no tal endereço que Dr. Simão lhe deu, o baque foi grande, pois se deparou com o Instituto de Oncologia. Ali ela sentiu medo, a ficha caiu e ela chorou com o marido. “Entramos, Dr. Bugalho atendeu e disse que era só o tempo de fazer o exame de coagulação e tipo sanguíneo e já iria operar. Então perguntei se era sério, mas ele tão espiritualizado, crente no poder divino como o Ednaldo e o Simão, já passou segurança”, agradece.

Foram dois meses sem poder conversar porque o tumor era muito perto das cordas vocais, por conta de não receber cálcio teria que a partir dali ingerir, o que afetaria os rins. “Ele me disse que as sequelas que seriam sérias como osteoporose agressiva e que não poderia fazer nada para impedir, ostiopenia, artrite reumatoide, artrose, reumatismo, fibromialgia. Ai vem a medicação com remédios fortíssimos como codeina, tramadol e em casos extremos morfina. Graças a Deus tenho um gene diferenciado enquanto a dor que é insuportável e leva alguém ao desmaio, para mim é o começo. O câncer curou, porém as sequelas são terríveis”, frisa.

O pior estava por vir. “Há dois anos após estender roupas no varal meu rosto ficou cheio de bolhas de sangue. Procurei o Dr. Saito, dermatologista que constatou uma doença rara, qual ele não era especialista: porfiria, prima do lúpus, incurável. Eu vivo diuturnamente com protetor solar fator 100 e mangas longas. Mas, a minha vontade de viver bem é maior que tudo isso!”, exclama a valente Solange.

 

“Precisamos entreter nossa mente sem parar com as coisas que trazem bons sentimentos. Precisamos enfatizar tudo nos faz bem. Acredite, sei que é fácil falar e muito difícil fazer... Mas, tente... com fé”

Solange Aparecida Durante Maemura

Ex-Miss Brasil Casada

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