“Um segundo lixão”. É desta forma que a pensionista Georgina Luz Alves, 64 anos, descreve as margens de uma área verde localizada no Parque Servantes 2, em Presidente Prudente, a qual é alvo constante do descarte de entulhos. Se grande parte das reclamações veiculadas neste periódico reivindica a adoção de medidas por parte da administração municipal, moradores do bairro em questão cobram atitudes mais conscientes dos cidadãos, uma vez que a Prefeitura realiza a limpeza periódica do espaço, no entanto, sem resultados efetivos, apontam.
Nem mesmo três placas na cor vermelha advertindo que é proibida a disposição de entulhos no local são suficientes para coibir a prática irregular. Conforme constatado pela reportagem na manhã de ontem, materiais que poderiam ser reaproveitados para reciclagem dividem espaço com restos de mobílias, eletrodomésticos, vestuários e calçados, vaso sanitário, tijolos, folhas secas e até mesmo o cadáver de um cachorro em decomposição.
A presidente da Associação de Moradores do bairro, Clotilde Gomes de Oliveira, 66 anos, conta que, embora os munícipes se reúnam frequentemente em busca de providências, o descarte de lixo persiste. Ela diz não entender a resistência da prática, considerando que todas as áreas da cidade são contempladas pelo serviço da coleta de lixo. “Ao invés de virem até aqui para descartar os entulhos, poderiam esperar a passagem do lixeiro”, comenta. A pensionista Georgina completa que já foram feitos abaixo-assinados para reverter o problema, contudo, em vão. Relata que, certa vez, um vizinho flagrou alguém depositando lixo na área e o obrigou a recolhê-lo, entretanto, defende que não é possível fiscalizar o espaço o tempo inteiro. “E, muitas vezes, se queremos orientar as pessoas a não jogar os seus restos ali, elas acham que estamos querendo arrumar confusão”, expõe.
“Tudo depende da consciência de cada um. Ao redor da área, nós vemos três placas proibindo o descarte de lixo, mas nem isso precisava ter, porque já é algo que deveria fazer parte da nossa educação”
Edeildo de Souza,
aposentado
Para a dona de casa Margareth Faustino, 53 anos, a prática não só polui o meio ambiente como também é uma ameaça para a saúde pública, tendo em vista que os recipientes de plástico e vidro podem acumular a água da chuva e servirem como criadouros para o Aedes aegypti, além dos restos de madeira e folhas secas atraírem outros animais indesejados. “Há ainda a questão do mau cheiro, pois já chegaram a jogar até cachorro morto por aqui”, conta a moradora, que destaca a presença de urubus no local. O aposentado Edeildo de Souza, 54 anos, passa todos os dias pela via e se sente incomodado com a paisagem. Tanto que, ao se aproximar da área, deixa o celular preparado para tirar uma foto caso veja alguém utilizando inadequadamente o espaço.
Edeildo argumenta que, fora a coleta de lixo, há também a possibilidade de deixar uma sacolinha dentro do carro para depositar ali o lixo ao invés de descartá-lo na rua. Em sua opinião, mesmo que a Prefeitura faça a limpeza frequentemente, o cenário só mudará quando as pessoas adotarem uma postura ambientalmente correta. “Tudo depende da consciência de cada um. Ao redor da área, nós vemos três placas proibindo o descarte de lixo, mas nem isso precisava ter, porque já é algo que deveria fazer parte da nossa educação”, pontua.
Procurado, o titular da Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), Wilson Portella Rodrigues, recomendou que “a população colabore com o trabalho da pasta não depositando resíduos e ajudando na fiscalização e denúncia dos que cometem este crime ambiental por meio do telefone 156 ou 3906-5275”.