Exposição com temática indígena chega ao Matarazzo 

Fotografias da artista Dani Sandrini, em “Terra Terreno Território”, são impressas em folhas de plantas e em papel com pigmento de jenipapo; mostra segue até março de 2023

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 08/12/2022
Horário 08:05
Foto: Divulgação/Dani Sandrini
Imagens que compõem a mostra foram captadas pela artista visual, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da Grande São Paulo,
Imagens que compõem a mostra foram captadas pela artista visual, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da Grande São Paulo,

De hoje a 12 de março de 2023, apreciadores da arte visual e temática indígena não podem deixar de visitar a exposição “Terra Terreno Território”, com 70 obras da fotógrafa e artista paulistana, Dani Sandrini, que está instalada na Sala de Convivência do Centro Cultural Matarazzo, complexo cultural da Secult (Secretaria Municipal de Cultura) de Presidente Prudente. A visitação é gratuita.
A mostra é dividida em dois agrupamentos fotográficos. No primeiro, a impressão é feita em papéis sensibilizados com o pigmento extraído do fruto jenipapo (o mesmo que indígenas usam nas pinturas corporais). E no segundo, diretamente em folhas de plantas. Os processos - chamados de antotipia e fitotipia, respectivamente - se dão artesanalmente, através da ação da luz solar, em tempos que vão de três dias a cinco semanas de exposição.
As imagens que compõem a mostra foram captadas pela artista visual, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da Grande São Paulo, onde predomina a etnia Guarani, e também no contexto urbano, que abriga aproximadamente 53 etnias.
De tamanhos que variam entre 10x15 a 50x75cm (centímetros), as imagens fotográficas trazem uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual. “O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se modifica, esses processos produzem imagens que também se transformam com o tempo; uma referência à permanente comutação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.

Memória e documento

Dani Sandrini menciona que a delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo. A artista explica que “dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”. 
Ela considera esta possibilidade como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena vem sofrendo no país. Conforme a artista, a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia. Com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, explana.  

“COM SEU CARÁTER DE MEMÓRIA E DOCUMENTO COMO ALGO IMUTÁVEL, AMPLIANDO SEUS CONTORNOS E PODENDO SE VINCULAR AO DOCUMENTAL DE FORMA BEM MAIS SUBJETIVA. A CERTEZA É A TRANSFORMAÇÃO. A FOTO NÃO CONGELA O TEMPO. OS SUPORTES QUE AQUI ABRIGAM AS FOTOGRAFIAS GERAM OUTROS SIGNIFICADOS”
Dani Sandrini

Com “Terra Terreno Território”, a fotógrafa alerta para a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo. “Aqui, a intenção é exatamente oposta: é desachatar, lembrar que muitos indígenas vivem ao nosso lado e nem nos damos conta. Já se perguntaram o porquê de essa história ter sido apagada?”, comenta Dani que, no projeto, fotografou pessoas de diversas etnias, oriundas de várias regiões do país, ora posando para um retrato ora em suas rotinas, suas atividades, seus eventos, rituais ou celebrações.

Como uma folha voando ao vento

“Terra Terreno Território” nasceu do projeto Darueira, em 2018, contemplado no 1° Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, por meio da Supervisão de Fomento às Artes. Realizado, em 2019, ganhou exposição na Biblioteca Mario de Andrade, de outubro a dezembro. Em 2020 (no formato online, devido à pandemia), a exposição passou pela Galeria Municipal de Arte, do Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), Cali Foto Fest (Colômbia) e Pequeno Encontro de Fotografia, em Olinda (PE). 
Em 2021, integrou o Festival Photothings (exposição online no metrô de São Paulo; ensaio escolhido para integrar a Coleção Photothings). Em 2022, “Terra Terreno Território” foi selecionada para a Exposição Latinasen Paris (Fotografas Latam, Fundación Fotógrafas Latinoamericanas) e circulou por unidades do Sesi São Paulo – Itapetininga, Campinas e São José do Rio Preto.

DANI SANDRINI 
Fotógrafa e artista visual, a paulistana Dani Sandrini desenvolve projetos documentais e artísticos, desde 2014, apesar de ser fotógrafa comercial, desde 1998. A depender do projeto e suas singularidades, sua fotografia é colocada nas telas ou papéis, mas também pode conter outros elementos que adicionam significados à imagem final, bem como camadas extras de subjetividade. Pesquisa o entrelaçamento de materiais e suportes com a imagem fotográfica e a ação do tempo sobre a mesma. Dani tem experiência em processos fotográficos alternativos e desenvolve projetos utilizando impressão por transferência, fotografia estenopeica, cianotipia, antotipia e fitotipia. Interessados, acompanhem seus trabalhos nas redes sociais: Instagram - @terraterrenoterritorio | Facebook @terra-terreno-território-408261089792472

SERVIÇO
Exposição: Terra Terreno Território”
Artista: Dani Sandrini
Local:Área de Convivência do Centro Cultural Matarazzo
Endereço: Rua Quintino Bocaiúva, 749, Vila Marcondes. Presidente Prudente.
Quando: 8 de dezembro de 2022 a 12 de março de 2023
Horário: segunda a sábado (das 8h30 às 22h), domingos e feriados (das 16h às 22h)
Visitação gratuita. Classificação: Livre.

Divulgação/ Bruna Bombarda

Dani Sandrini desenvolve projetos documentais e artísticos, desde 2014

Divulgação/Dani Sandrini


Mostra é dividida em dois agrupamentos fotográficos: a impressão em papéis com o pigmento extraído do jenipapo e diretamente em folhas de plantas


 

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