Fluxo migratório representa 1,5% da população de Prudente, aponta censo

Levantamento destaca que 3.617 pessoas migraram à cidade nos últimos anos; PR, MS e Nordeste são principais origens

PRUDENTE - CAIO GERVAZONI

Data 06/07/2025
Horário 07:00
Foto: Arquivo/Maurício Delfim Fotografia
Fatores ligados à qualidade de vida podem justificar migração à cidade, aponta sociólogo
Fatores ligados à qualidade de vida podem justificar migração à cidade, aponta sociólogo

Nos últimos anos, 3.617 pessoas migraram para Presidente Prudente. Os dados fazem parte do levantamento preliminar do Censo Demográfico 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e revelam que, embora o fluxo migratório represente cerca de 1,5% da população local, ele se mostra diverso.

O Estado do Paraná lidera o ranking de procedência, com 935 pessoas, seguido por Mato Grosso do Sul (680) e o grupo classificado como “Exterior” (550). Ao todo, 533 pessoas vieram da região Nordeste, o que mantém a marca histórica de presença nordestina no município. 

O sociólogo Marcos Lupércio Ramos explica que no início da história social e econômica de Presidente Prudente – no começo do século XX –, a maioria dos migrantes internos possuíam, como locais de origens, cidades da região Nordeste. “Nossa região era de avanço pioneiro da agricultura do café e o cultivo dessa planta – do plantio à colheita – exigia muita mão de obra, a maior parte contemplada por pessoas de origem nordestina”, explica Marcos.

No contexto recente, o fluxo de nordestino é algo em torno de 15% do total de migrantes que chegaram a Presidente Prudente. O sociólogo avalia que ainda é um contingente humano significativo em termos percentuais. “No passado da região Nordeste, o principal fator para a migração eram as secas prolongadas [fator natural-climático], seguido por motivos relacionados à questão da empregabilidade e melhores salários. A própria questão da seca era fator determinante para a ausência e/ou diminuição de empregos na região”, rememora o sociólogo.

“Hoje, a questão da seca [no Nordeste] foi minorada, relativamente, por conta de ações de combate, como programas de captação de água de chuvas, transposição do Rio São Francisco, perfuração de poços, represamento de rios etc. E, em termos de empregabilidade, a região Nordeste teve forte crescimento econômico nos últimos anos, o que tem ‘segurado’ as pessoas na região”, complementa.

Migrantes do Paraná

A presença expressiva de migrantes do Paraná levanta uma nova hipótese sobre os atrativos que levam as pessoas a viver em Prudente. “Não há dados objetivos para medir a motivação dessa maior migração interna de paranaenses. A questão pode estar relacionada à busca de melhor qualidade de vida, considerando que Presidente Prudente é um polo de oferta de saúde e educação superior. Assim como é uma área privilegiada em termos de logística rodoviária, o que impulsiona o crescimento para o comércio e transporte”, observa Ramos.

Entre os Estados com menor volume de migração para Prudente estão o Acre (10 pessoas), Pernambuco (11), Roraima (18) e Pará (21), refletindo fluxos mais distantes e isolados. “A migração é um tema complexo, pois os dados são apenas numéricos. Ela envolve componentes motivacionais que, por vezes, não são captados pelas pesquisas, mas, de maneira geral, estão relacionados à questão de qualidade de vida, a qual perpassa por expectativas de emprego, moradia, saúde, educação, ambiente social, lazer etc.”, aponta o sociólogo.

Políticas públicas

Para Marcos Lupércio Ramos, embora o fluxo migratório represente apenas 1,5% da população total de Presidente Prudente, esse índice não pode ser avaliado isoladamente. “Em termos de políticas públicas, é sempre importante os responsáveis diretos pela cidade terem dados objetivos dos fluxos populacionais, dentre eles da migração [saída e entrada] e imigração, pois são pessoas chegando e que demandam recursos públicos em termos de saúde e educação, além de questões que envolvem a habitação. Se a saída de pessoas está sendo maior que a entrada, a que se saber as motivações”, relata o sociólogo. 

Na avaliação dele, essa taxa de 1,5% é relativamente baixa, mas não anormal para um período de 12 anos. O crescimento populacional médio de Prudente, segundo ressalta, gira em torno de 0,68% ao ano e está mais ligado ao aumento da expectativa de vida e às taxas de natalidade do que à migração em si.

Marcos defende que o poder público precisa observar com atenção os fluxos de entrada e saída da população, pois cada movimento migratório envolve demandas por serviços essenciais como saúde, educação e moradia. Ele questiona: “A cidade está com elevado índice de desemprego? Os empregos oferecidos por aqui são de baixos rendimentos? Houve aumento na violência de maneira geral? Falta habitação? Há deficiência na área da oferta de saúde pública? A mobilidade urbana é eficiente? Enfim, há inúmeras questões relacionadas à essa questão que demandam a atenção do poder público municipal”.  

Para o sociólogo, os agentes públicos devem ter como premissa básica a promoção da qualidade de vida da população, independentemente dos números, e usar os dados populacionais como base para políticas efetivas e planejamento urbano contínuo.

Migração nacional: pessoas que migraram para Prudente por lugar de origem

Lugar

Pessoas

Paraná

935

Mato Grosso do Sul

680

Exterior

550

Goiás

200

Ceará

150

Minas Gerais

124

Bahia

109

Santa Catarina

107

Piauí

106

Rondônia

96

Mato Grosso

84

Rio de Janeiro

83

Sem declaração

79

Rio Grande do Sul

63

Sergipe

53

Maranhão

50

Paraíba

34

Distrito Federal

23

Pará

21

Alagoas

20

Roraima

18

Pernambuco

11

Brasil sem especificar

11

Acre

10

Fonte: Censo 2022/IBGE

Publicidade

Veja também