Fuja do paradoxo da longevidade

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Longevidade é um tema cada vez mais estudado pelos pesquisadores e lido e comentado pelas pessoas em geral. Longevidade pode ser definida como viver além da expectativa de vida para sua população. A expectativa de vida é um número que representa a média de vida da população geral ou específica (de uma região, país ou continente). No Brasil a expectativa de vida é de 76,2 anos. Quem vive além dessa média, pode se considerar longevo.

QUEM NÃO QUER?
A maioria das pessoas certamente gostaria de viver além dos 76, 80, 90 anos e a tendência é o aumento da expectativa de vida no Brasil e em outros países. No Principado de Mônaco a expectativa já chegou aos 90 anos e em Okinawa, no Japão, é encontrada a maior proporção de centenários do mundo, com 68 deles para cada 100 mil habitantes. Que seja também seu objetivo chegar à quarta idade (80+), ser um nonagenário e até apagar um bolo com 3 velinhas.

ENVELHECIMENTO
Em termos cronológicos o envelhecimento tem início quando nascemos e começamos a somar anos. Em termos fisiológicos o envelhecimento tem início por volta dos 40-50 anos, quando nosso “programa de longevidade” começa a ser desativado. Os tecidos, órgãos e sistemas fisiológicos passam a ter mais desgaste do que reparação, com consequências morfológicas (forma, aspecto. Ex. flacidez e rugas) e fisiológicas (funcionamento. Ex. piora da visão, audição e força). Por mais que haja promessas de empresas e profissionais, não dá para evitar. A alternativa é desacelerar os processos e manter por tanto mais tempo a melhor função possível.

ÔNUS
Chegar aos 70, 80 anos certamente é um privilégio (bônus), porém também implica em um conjunto de ônus. Além do funcionamento de órgãos e sistemas que vai ficando deteriorado, são também comuns as doenças da senescência (velhice). Há doenças metabólicas (ex. diabetes), hemodinâmicas e cardiovasculares (ex. hipertensão arterial), renais (ex. incontinência e insuficência), neurodegenerativas (ex. alzheimer), mentais (ex. depressão) e outras. Aí está o paradoxo: a longevidade é bem vinda, porém trás consigo dificuldades. Tenha em mente desde já que, sua senescência será tanto melhor quanto menos forem as dificuldades a enfrentar.

SAÚDE PÚBLICA
O avanço das condições sanitárias, de higiene, de educação, da medicina (ex. vacinas e medicamentos) e outros fatores contribuem continuamente com o maior potencial de longevidade das pessoas, porém a população que tem vivido mais, vive com mais doenças que requerem cuidados mais frequentes e onerosos para o sistema público de saúde e operadoras privadas de saúde complementar (planos). Uma condição de difícil sustentabilidade.

O CAMINHO
Os adultos jovens e de meia-idade precisam receber informações e incentivos para que se cuidem “hoje” e se preparem para a senescência, cada um constituindo sua reserva fisiológica funcional. Cuidados com a saúde para que as doenças crônicas metabólicas, neurológicas, ortopédicas etc não se manifestem precocemente como tem ocorrido. As pessoas deveriam chegar aos 60 e 70 anos com autonomia e apenas com problemas comuns da velhice, e não “carregadas” de doenças que foram se agravando durante anos.

Adultos jovens e de meia-idade precisam receber informações e incentivos para que se cuidem “hoje” e se preparem para a senescência.

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