O HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente, realiza amanhã um cadastramento de pacientes diagnosticados com esclerose múltipla, visando mapear a realidade da doença na região, conforme a Assessoria de Imprensa da unidade hospitalar. O evento tem início às 8h30 com uma palestra de conscientização aberta ao público. O cadastramento será realizado na área externa do ambulatório do hospital até às 12h.

A atividade é alusiva ao Dia Nacional da Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, comemorado em 30 de agosto, e busca ainda tornar a cidade um centro de referência para o tratamento da enfermidade.

A coordenadora do evento, neurologista Maria Teresa Fernandes Castilho Garcia, informou que a esclerose múltipla é autoimune e leva ao processo inflamatório da bainha mielina dos neurônios do sistema nervoso central. O processo se dá, na maior parte das vezes, na forma de surtos que se manifestam de formas variadas causando perda visual, perda de força e sensibilidade em diferentes graus, déficit de coordenação e equilíbrio, além de outros sinais e sintomas decorrentes do local comprometido.

De acordo com a profissional, o diagnóstico é feito através do quadro clínico associado a exames complementares (ressonância magnética e líquor). Após confirmação diagnóstica, o tratamento é iniciado com imunomoduladores. "Esta classe de medicação deve ser iniciada imediatamente para que novos surtos da doença sejam evitados, bem como sequelas neurológicas que podem incapacitar o paciente em caráter irreversível", afirma.

Segundo a médica, este tipo de tratamento tem custo elevado. Para que o portador da doença consiga adquiri-lo no SUS (Sistema Único de Saúde), nas farmácias de alto custo, ele precisa passar por um Centro de Referência em Esclerose Múltipla, onde é encaminhado para investigação e diagnóstico ou para o tratamento da enfermidade, quando já conhece o resultado dos exames.

 

Centro de Referência

Ainda conforme a coordenadora, a região não é centro de referência e, por isso, os pacientes precisam ser encaminhados a outros locais. Muitas vezes este processo é lento e, após o diagnóstico ser feito em Prudente, o paciente ainda deve esperar por uma consulta no centro mais próximo, em Marília, para que os papeis sejam liberados e ele consiga retirar a medicação na farmácia de alto custo da cidade. "Nesta espera, alguns apresentam novos surtos, pois não conseguem iniciar a medicação antes de passar pelo centro e, além disso, após a primeira consulta, a cada 3 meses há necessidade de voltar ao centro para renovar o processo, sob pena de não conseguir mais retirar a medicação e ter seu tratamento interrompido", acrescenta.

Segundo a neurologista, há ainda outro aspecto negativo: alguns tipos de medicação são retirados na cidade de origem e o paciente é orientado a ir, mensalmente, ao centro de referência para infundir os remédios. Assim, ele precisa se deslocar frequentemente de sua cidade a outra, o que é "bastante cansativo e dispendioso, considerando que já se trata de um paciente debilitado pela doença", aponta.

Por isso, Maria Tereza pontua que o evento tem o intuito de criar um centro de referência para Prudente e região, o que facilitará o diagnóstico, início de tratamento e acompanhamento dos pacientes portadores da esclerose.

O cadastramento é uma iniciativa da Academia Brasileira de Neurologia, realizado pela disciplina de Neurologia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em parceria com a Liga de Neurociências da instituição.