O Hospital Psiquiátrico São João, de Presidente Prudente, receberá pacientes até 31 de dezembro. A entidade deveria encerrar essa atividade ontem, mas o prazo foi prorrogado pela Secretaria de Estado da Saúde devido à falta de suporte na cidade para acolher os assistidos. De acordo com Jorge Yochinobu Chihara, diretor do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde de Prudente), a prorrogação foi decidida em uma reunião com o secretário adjunto de Saúde do Estado, Wilson Modesto Pollara, na segunda-feira, em São Paulo. "Devido o atraso no serviço alternativo, optamos por prorrogar a data, até que os projetos para o atendimento estejam prontos, como as Residências Terapêuticas e os Caps ", comenta.
A gerente administrativa da unidade, Lílian Cristina Bordin, diz que a notícia foi repassada pelo DRS-11 na manhã de ontem. "Nos ligaram com esta informação. O município não possui estrutura para receber os assistidos. E como os projetos ainda estão em processo, o departamento regional estendeu o prazo", explica. Segundo ela, o São João atende 180 pacientes psiquiátricos e possui uma receita mensal de R$ 224 mil, provenientes de recursos do Estado. "Mas o valor não cobre as despesas, que chegam a R$ 440 mil. Com a falta de internação, o hospital pararia de receber. Cerca de R$ 200 mil são somente para arcar com a folha de pagamento dos profissionais", expõe.
A gerente administrativa acrescenta que a entidade tem feito um estudo para sanar sua dívida acumulada ao longo dos anos, de forma parcelada, mas adianta que com o fim do convênio, em janeiro, o hospital deverá encerrar suas atividades. "Queremos regularizar a situação, mas não haverá recurso suficiente para darmos sequência ao trabalho. O SUS atende 90% dos nossos assistidos", declara.
O diretor regional de Saúde comenta que "o novo projeto tem dado certo". "Um bom exemplo é o fechamento do Hospital Santa Maria, em Pirapozinho. O modelo alternativo tem surtido efeitos positivos", esclarece. A desospitalização de pacientes psiquiátricos e o tratamento ambulatorial seguem diretrizes do Ministério da Saúde, seguindo conceitos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (Movimento Antimanicomial).
Ainda segundo Chihara, internações de pacientes psiquiátricos agudos (de curta permanência) serão feitos em hospitais com leitos psiquiátricos tanto em Prudente como em outros municípios da região.
Como já informado em
O Imparcial,
Prudente vai contar com outros locais para suporte dos pacientes, como os Caps e as Residências Terapêuticas. A cidade ainda não possui um Caps que esteja totalmente pronto para prestar a assistência devida. O mais adiantado é o Caps 2, localizado no Jardim Maracanã, que, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), deve ser concluído em duas semanas e terá dois quartos, com duas camas cada.
O Caps 3, por sua vez, também direcionado para o atendimento ambulatorial de pessoas com transtornos psiquiátricos, será instalado no PA (Pronto-Atendimento) do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, que devido a atraso na entrega de equipamentos e mobiliário, vai levar um pouco mais de tempo para ficar pronto, conforme a Sesau.
A cidade contará também com quatro Residências Terapêuticas. Os imóveis já estão alugados e a mobília já foi adquirida. A Prefeitura ainda aguarda os trâmites finais para iniciar as transferências. Os profissionais que vão dar suporte nas casas (cuidadores) serão contratados por meio de concurso público pelo Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista).
