Jerusa é ouro nas Paralimpíadas de Paris e entra para história do esporte paraolímpico brasileiro

Depois de quebrar recorde mundial, velocista e seu atleta-guia Gabriel Garcia cravaram 11s83 na final dos 100m da classe T11 e subiram no lugar mais alto do pódio no Stade de France 

Esportes - CAIO GERVAZONI

Data 03/09/2024
Horário 19:25
Foto: Silvio Avila/CPB
Dobradinha brasileira: Jerusa dividiu o pódio com paranaense, Lorena Spoladore, que levou o bronze em Paris
Dobradinha brasileira: Jerusa dividiu o pódio com paranaense, Lorena Spoladore, que levou o bronze em Paris

Um dia após quebrar o recorde mundial, Jerusa Geber dos Santos entrou para a história do esporte paraolímpico brasileiro ao conquistar hoje a medalha de ouro na prova dos 100m (metros) da classe T11 (deficiência visual) das Paralimpíadas de Paris.

A acreana radicada em Presidente Prudente desde 2008 e seu atleta-guia Gabriel Garcia dos Santos despontaram logo nos primeiros 40m da prova, deixaram a chinesa Liu Cuiqing para trás e cravaram a marca de 11s83 para ficarem no lugar mais alto do pódio no Stade de France. Liu fez o tempo de 12s04 e ficou com a prata. A paranaense, Lorena Spoladore, cravou 12s14 e tascou o bronze para a dobradinha brasileira em Paris. Seu atleta-guia foi Renato Ben Hur Oliveira.

Jerusa - que hoje tem 42 anos - nasceu cega, recuperou parte da visão com cirurgias, mas perdeu totalmente a visão aos 18 anos. No ano seguinte, começou a praticar atletismo.
Ela é a atual campeã mundial dos 100m da classe T11. A primeira medalha paraolímpica da velocista brasileira foi o bronze em Pequim 2008. Depois de rumar para Presidente Prudente, a paratleta somou duas pratas em Londres 2012, uma grande frustração no Rio 2016 e um bronze em Tóquio 2020. 

Faltava o ouro e ele veio na mesma pista onde ela e Gabriel Garcia superaram o recorde mundial, com o tempo de 11s80 durante as semifinais da prova, na noite de ontem. O recorde anterior, de 11s83, era da dupla e, hoje, foi com os mesmos 11s83 que Jerusa e Gabriel conseguiram alcançar a glória definitiva em Paris 2024. 

“Não tenho palavras para expressar minha felicidade"

Logo após a conquista do ouro, ontem, em entrevista ao Sportv, Jerusa destacou seu caminho trilhado no atletismo parilímpico e “Glória a Deus primeiramente. Muita grata a tudo que acontece neste momento na minha vida. É a quinta participação em Paralimpíadas e esta é a primeira medalha de ouro. Eu não tenho palavras para expressar minha felicidade. São muitos anos tentando buscar esta medalha, demorou um pouquinho, mas glória a Deus saiu!”, disse a velocista cega mais rápida do mundo e, agora, campeã paralímpica. 

Em busca do ouro nos 200m

Depois de quebrar o recorde mundial e alcançar o lugar mais alto do pódio nos 100m T11, Jerusa vai em busca do ouro nos 200m. Ela e Gabriel voltam à pista do Stade de France no sábado para a disputa da prova classificatória. As semis acontecem no sábado e a final está marcada para o domingo. 

SAIBA MAIS
Minutos depois do ouro de Jerusa e do bronze de Lorena, Rayane Soares da Silva ficou com a prata nos 100 metros T13, também para deficientes visuais. Sua marca de 11s78 foi um centésimo melhor que o recorde mundial anterior, mas insuficiente para superar Lamiya Valiyeva, do Azerbaijão, que estabeleceu nova marca com 11s76. A medalha de Jerusa foi a segunda de ouro do Brasil no dia, após a conquistada pela manhã por Yeltsin Jacques nos 1.500 metros, na mesma classe de Jerusa, a T11. Ele quebrou o recorde mundial, com 3min55s82. Na mesma prova, Júlio César Agripino ficou com o bronze. Mais uma medalha para o Brasil, de prata, veio pela manhã no lançamento do dardo F56 (competidores sentados), com Raíssa Machado. Ela repetiu o resultado de Tóquio, três anos atrás. No tênis de mesa, Bruna Alexandre conquistou o bronze individual na classe W10 (andantes).

Reprodução/Instagram

Auxiliada por Gabriel Garcia, Jerusa conquistou o seu primeiro ouro paralímpico nesta terça-feira em Paris

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