Jornalismo e história em Presidente Prudente

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 13/02/2021
Horário 05:00

Vivemos numa sociedade que guarda distância do passado, por indiferença, desinteresse ou ignorância. A isso, eminente historiador francês chamou de presentismo, isto é, a sensação de vivermos em um eterno presente, sem relação com o passado e sem perspectivas de futuro. O efeito negativo disso é a perda de consciência histórica, ou seja, a capacidade de se perceber como parte de um processo histórico, de compreendermos o presente através do passado e de projetarmos um futuro melhor pra nossa sociedade. 
Presidente Prudente, cidade de pouco mais de 100 anos, vive o presentismo de forma singular. O patrimônio histórico da cidade é modesto, os livros de história que tratam do município são poucos e certamente pouco conhecidos da população. As poucas referências históricas podem ser encontradas no nome das avenidas, em alguns prédios públicos como o Museu e Arquivo Histórico, o Centro Cultural Matarazzo, o IBC, entre outros. Como cidade nova, o presentismo nos define. 

A comemoração do aniversário de 82 anos desse periódico é notícia animadora para os amantes da História

Apesar disso, a comemoração do aniversário de 82 anos desse periódico é notícia animadora para os amantes da História. O acervo do jornal, totalmente preservado, é como uma mina de ouro para nós historiadores. Com ele, é possível escrever a história do município em múltiplos caminhos, como fizemos em 2012 com o livro “Presidente Prudente: uma cidade, muitas histórias”. O livro tem no acervo do O Imparcial a principal de suas fontes e contou com inúmeros autores. 
Convido o leitor a conhecer a obra e se encantar com os capítulos que tratam do “footing” na Praça Nove de Julho, da história das sete salas de cinema da cidade, do trágico assassinato do prefeito Florivaldo Leal, da participação das mulheres na política e na imprensa prudentina e ainda a história dos espaços escolares, como o Colégio Cristo Rei, o Arruda Mello e o Conservatório Municipal.
A preservação do acervo do O Imparcial é tarefa das mais nobres e importantes para a história do município. Com esse riquíssimo arsenal de fontes históricas, historiadores do presente e do futuro terão em mãos as possibilidades de escrever a história da cidade, evitando as armadilhas do presentismo e fomentando a consciência histórica dos cidadãos prudentinos. 


 

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