Leishmaniose preocupa saúde pública em Prudente

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 07/03/2019
Horário 14:00
José Reis - Preços da vacina variam entre R$ 120 e R$ 170 nas clínicas e hospitais particulares em Prudente
José Reis - Preços da vacina variam entre R$ 120 e R$ 170 nas clínicas e hospitais particulares em Prudente

A LVC (leishmaniose visceral canina), doença considerada endêmica, ainda é uma preocupação de saúde pública, principalmente às pessoas que criam cachorros, principal hospedeiro urbano desta doença, que no passado era mais rural. Infelizmente, não tem cura. Mas, existem formas de prevenção deste mal - que pode ser fatal ao cão - como limpeza adequada, telas de proteção contra insetos, coleira repelente e a vacina no animal. Em Presidente Prudente, as clínicas particulares e hospitais veterinários disponibilizam o medicamento com preços que variam entre R$ 120 e R$ 170, de acordo com os estabelecimentos ouvidos.

Sobre a possibilidade de a vacina ser disponibilizada no setor público, João Henrique Artero de Carvalho Leite, 33 anos, veterinário responsável pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), diz não ter informação, no momento, a respeito.

Os principais vetores da LVC são insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) - flebótomos ou flebotomíneos (insetos pequenos conhecidos popularmente como mosquito-palha, birigui, cancalha e tatuqueira).

O médico veterinário expõe que neste ano, 16 casos da doença foram confirmados. Em 2018 foi totalizado algo em torno de 260. Além da vacina, João salienta, entre outros métodos preventivos contra a doença, a limpeza dos imóveis impedindo o acúmulo de matéria orgânica em decomposição (local propício para criadouros do mosquito-palha).

“Esta é a principal medida de prevenção. As pessoas precisam se conscientizar. Outra importante e extremamente eficaz é o uso de coleira ou colares repelentes pelo cão. Trata-se de produto veterinário específico que impede que os animais sejam picados pelo mosquito”, enfatiza o veterinário.

Difícil decisão

Questionado sobre o que fazer quando o proprietário não permite que seu animal doente seja sacrificado, João explica que quando existe um caso positivo, entram em contato com o tutor do animal e explicam ao seu dono todos os aspectos envolvidos com a doença.

“Após ser informado, segundo as leis municipais vigentes, é o proprietário quem deve decidir entre sacrificar o animal ou submetê-lo a tratamento sob supervisão de um médico veterinário cadastrado junto ao CCZ. Há muita discussão sobre tratamento, e de fato são válidas, mas entendo que precisamos avançar nas medidas de prevenção, reduzir o número de casos em cães e consequentemente o risco de infecção em humanos”, acentua o veterinário.

Prevenção

Segundo Emerson Luiz Ribas, proprietário do Hospital Veterinário São Manoel, assim como qualquer vacina não é 100% eficaz, esta contra a LVC, igualmente, tendo 96% de eficácia. Em seu estabelecimento ela custa R$ 120.

O veterinário explica que o ciclo da doença começa a partir do quarto mês de vida do cachorro. Antes de vacinar o animal, é preciso colher o seu sangue para fazer o exame específico para ter certeza que o cão não tem a doença. “Se der negativo, a vacina pode ser ministrada. São três doses com intervalo de 21 dias e reforço após um ano. Uma grande porcentagem dos cães é assintomática, ou seja, não apresenta sintoma algum da doença. Mas, os principais são descamação e lesão da pele, emagrecimento progressivo, crescimento das unhas, atrofia muscular e aumento de linfonodo”, expõe Emerson.

A procura pela vacina também é grande na Bom Pastor Clínica Veterinária e Pet Shop, que a comercializa a R$ 140. “A clínica orienta os proprietários a vacinarem o cãozinho logo depois que terminar as doses das primeiras vacinas enquanto filhotes. Para prevenir a doença, indicamos o spray de citronela que vai manter os mosquitos longe do animal, quintal limpo para evitar a concentração de insetos e a coleira”, menciona Simone Leonardo dos Santos, 23 anos, tosadora da clínica.

No Hospital Veterinário São Francisco, a dose da vacina sai a R$ 170. A recepcionista do local, Ana Carolina Vergo, também menciona como prioridade fazer o exame primeiro. E, entre as orientações, alerta que cadelinhas gestantes e filhotes abaixo dos seis meses de idade não podem tomar a vacina. “A demanda é grande, digamos que 60% dos proprietários buscam prevenir a doença vacinando seus amigos caninos. Se notar feridas na pele do seu animalzinho que não cicatrizam, falta de apetite, desânimo, olhar triste, perda de peso, queda de pelo em pouco tempo, procure um veterinário, pois seu bichinho pode estar doente!”, orienta Ana Carolina.

Dicas

- Todo cão suspeito de ser portador de leishmaniose visceral canina deve ser reportado à Vigilância Epidemiológica do município para proceder à investigação do caso, conforme fluxo para notificação e investigação de caso suspeito;

- Medidas simples como limpeza dos terrenos e quintais, eliminação de resíduos orgânicos do solo, entrada da luz solar, redução da umidade do solo, afastamento dos abrigos dos animais domésticos das casas, podem ajudar a diminuir a quantidade destes insetos.

- A aplicação de inseticidas só está indicada em situações especiais, de acordo com a avaliação da Vigilância Epidemiológica. As pessoas podem se proteger das picadas usando repelentes e evitando permanecer nas áreas externas durante o entardecer ou período noturno.

Fonte: Ministério da Saúde

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