Leptina: hormônio da magreza?

Jair Rodrigues Garcia Júnior

“Descoberto o remédio para a obesidade”. As manchetes foram mais ou menos assim em 1995, quando foi divulgada na revista Science a leptina, a proteína (ina) da magreza (leptos em Grego). “Remédios” para a obesidade já existiam (ver ao final), mais algumas pessoas realmente precisam de medicamentos e muitas preferem a comodidade de usar apenas uma cápsula diariamente.

 
Leptina
A leptina é produzida pelas células do tecido adiposo e aumenta quando há maior acúmulo de gordura. Quando liberada no sangue ela tem como principal alvo o hipotálamo, na base do cérebro. Estimula a produção de neuropeptídeos (sinalizadores) que causam saciedade e estimulam a termogênese, ou seja, ativação do metabolismo e gasto de energia aumentado. São dois processos fisiológicos essenciais evitar acúmulo ainda maior de gordura e manter (ou recuperar) o perfil metabólico saudável.
 
Perfil metabólico
Quando os exames solicitados pelo médico apontam resistência à insulina (pré-diabetes), dislipidemias (colesterol e triglicerídeos elavados), IMC acima de 25 Kg/m2, alteração de enzimas ou gordura no fígado, a “luz vermelha” está acesa. Isso acontece porque o metabolismo dos carboidratos e gorduras está alterado, tendo sido perdido o equilíbrio metabólico, que significa saúde. Quando o corpo lida com excessos da alimentação e os músculos não são ativos (sedentarismo), mesmo o sistema endócrino, incluindo a leptina, não consegue manter o equilíbrio.
 
Saciedade
O hipotálamo tem grupos de neurônios que controlam a fome, saciedade, sede e outras funções fisiológicas. Estes neurônios producem neurotransmissores de acordo com os sinais que chegam até eles (ex. glicose, insulina, leptina, hormônios gastrintestinais etc), estimulando a fome ou saciedade. A leptina age como um sinal periférico, cujo papel é controlar o peso corporal, evitando que diminua ou aumente. Por isso, com o maior acúmulo de gordura sua concentração aumenta para estimular a saciedade e interromper ganhos adicionais. Quando a pessoa está emagrecendo, acontece o contrário.
 
Termogênese
É um mecanismo adicional estimulado pela leptina para que o corpo “queime” o excesso de gordura que já foi acumulado ou, pelo menos, não acumule mais. Acontece mesmo em repouso, porém não é tão intenso quanto à termogênese provocada pela contração muscular, durante o exercício físico.
 
Na prática
Apesar dos muitos estudos, a leptina recombinante comercial não se tornou a solução porque os obesos têm bastante desse hormônio, mas o hipotálamo se torna resistente ao seu efeito ou há mutação no receptor (LepR). O tratamento só tem eficiência em poucos casos de deficiência da leptina e de lipodistrofia. Na maioria dos casos, os remédios mais eficientes e seguros para prevenir e tratar a obesidade são dieta hipocalórica (sem invenções) e exercício físico (aeróbio e de força), utilizados em conjunto.
 
A leptina age como um sinal periférico, cujo papel é controlar o peso corporal, evitando que diminua ou aumente.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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