Livro narra história de Marquês do Paraná

Ideia, segundo o autor Eduardo César Werneck, é lançar o exemplar em 3 de setembro (data da morte do político), em várias cidades

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 18/06/2015
Horário 09:15
 

O ortodontista e escritor Eduardo César Werneck, 53, está divulgando seu 15º livro. A obra, intitulada "O Marquês do Paraná – A vida pública e privada de ‘El Rei’ Honório Hermeto Carneiro Leão", será lançada no segundo semestre.

De acordo com o autor, a publicação - com 800 páginas - narra a trajetória desse personagem paranaense, que nasceu em 1801 e morreu em 1856, mas sua vida profissional começa em 1825, quando volta da Universidade de Coimbra formado como advogado, inter-relacionando com o Brasil da época, onde várias questões são abordadas em 13 capítulos: desde a escravidão, a política exterior, o maior produto que era o café, e mesmo a política doméstica, como se fazia carreira, como as pessoas negociavam essas questões.

Segundo ele, foram quase cinco anos de pesquisas, onde foi escrevendo, reescrevendo com vontade de falar bem do personagem, porque quando se começa a fazer a biografia de alguém o desejo é esse. Mas, ao iniciá-lo, foi percebendo que Marquês do Paraná não era tão bonzinho assim e foi descobrindo questões bem controvérsias, como por exemplo, ele nunca proferiu nenhum discurso, ou mesmo uma ação concreta contra a escravidão.

O escritor diz então que ficou um tanto decepcionado, mas tinha que escrever uma história dele e sem julgá-lo, até porque era moral na época onde até a igreja apoiava a escravidão. Assim, partiu para pesquisas e se baseou, inicialmente, numa biografia dele que já existia. Contudo, ele a considerava, e ainda considera, algo muito doce, que levanta demais o astral do marquês, dando até a impressão de que ele seja um anunciado de Jesus vindo para salvar a todos.

"E sabemos que como político, ser humano, ninguém é assim. Então passei a pesquisar outras fontes e num livro de história, são muito importantes as fontes primárias. Então as cartas, não trocadas somente entre ele e outras pessoas, mas de outras comentando sobre ele, foram fundamentais. A partir daí, passei a ter uma ideia um pouco melhor de quem era o Marquês do Paraná", acentua.

De acordo com Werneck, o personagem paranaense recebeu o nome de Honório Hermeto porque nasceu no Dia de São Honório (11 de janeiro), e era costume da época dedicar o nome da criança ao santo do dia. E Marquês do Paraná porque ele teve uma participação muito importante na política no final da década de 40, início de 50, conseguindo resolver uma questão territorial com o Uruguai, Argentina e a navegação do Rio Paraná.

A ideia, segundo ele, é de lançar o exemplar na data de aniversário de morte do marquês, 3 de setembro, em várias cidades, por conta da ligação forte que ele tem em vários municípios do Brasil. "Não existe uma causa, um motivo real porque esse título lhe foi dado. O que se sabe é que ele é o autor de uma disposição separando o Estado, então província, de São Paulo, do Paraná. Mas não sei dizer o porquê fui escrever sobre ele. Acredito que por interesse histórico mesmo ", salienta o escritor.

 

História

Em sua observação, Werneck diz que nesse momento, tem visto muitos lançamentos de livros na área de História, e diferente daquela que todos aprenderam, como por exemplo, que Pedro Álvares Cabral se perdeu e chegou até aqui, que Tiradentes era um herói, etc. De acordo com ele, isso não existe e quando se estuda a História a fundo, percebe-se que existe uma dimensão humana, que certas ações acontecem sem planejar, que quem chega ao poder nem sempre é o melhor, e quando este tem que tomar decisões elas nunca são feitas apenas por ele, e sim por um grupo por trás, que nunca está preocupado com o bem da população.

"Tudo isso ocorria há 200 anos e vai continuar acontecendo. Então, quando se lê um livro de História, Sociologia, é importante saber que a sua participação na sociedade é fundamental. Não adianta esperar do governo, de uma ONG ... se você quer mudar de vida tem que buscar e não esperar apenas pelas migalhas que o governo dá", enfatiza.

 

Novo projeto

Werneck fala que no dia que colocou o ponto final neste livro, se sentiu viúvo, porque tudo que fazia era pensando no Marquês do Paraná e quando se levantou e viu que ele não era mais necessário às suas pesquisas, sentiu certa tristeza.

Agora já está estudando sobre um conjunto de pesquisadores, médicos do início do século 20 que foram importantíssimos, fundamentais para o Brasil, como Emílio Ribas, Osvaldo Cruz, Vital Brasil, Adolfo Lutz, Carlos Chagas, pois sente que estes merecem atenção pelo que fizeram pelo país. Principalmente, por ver hoje a dengue, toda a falta de ação do governo, a população cobrando, pessoas morrendo.

"Pelo que tenho pesquisado, este tipo de ação já aconteceu no início do século 20 com a febre amarela, peste bubônica. Nossas histórias se repetem. Mudam alguns personagens, mas sempre seremos reféns de problemas de atenção à saúde, saneamento básico, métodos de profilaxia, higiene, que infelizmente a população não tem", frisa.

 

Perfil

Natural de Mogi das Cruzes, casado, pai de um casal de filhos, Werneck está radicado desde 1968 no Vale do Paraíba. Como autor, já escreveu vários livros de História, romances, infantis e sobre sua especialidade de ortodontia.

Ele é cirurgião dentista há 33 anos e atua como ortodontista desde 1992. Werneck se coloca como um idealista enquanto professor, e expõe que, antigamente, dava aula para quem estava sentado olhando para ele, porém, lamentavelmente, hoje percebe que enquanto ministra algo, alguns grupos estão concentrados num notebook, smartphones, conectados em algum site relacionado a qualquer coisa, menos ao que ele está falando, e isso começou aborrecê-lo por sentir um desleixo por parte destes.

"Fiz uma carreira, sou especialista, mestre, doutor em Ortodontia. Tenho uma experiência muito grande, inclusive, clínica, fui professor na área, publiquei em diversas revistas nacionais e internacionais. Mas estou parando com o ensino. Quero me dedicar à História, que sempre fui apaixonado. Minha maior nota no vestibular, embora estivesse fazendo Odontologia, foi na disciplina, e a pior em biologia, que deveria ser a maior ", pontua Werneck.
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