“Quanto mais experiente você fica, mais humilde você se torna”, descreve o médico cirurgião cardiovascular, Lysandro Hollanda Cavalcanti, que já atingiu a média de 4.350 procedimentos cirúrgicos no Instituto do Coração de Presidente Prudente, local onde atua até hoje. Apaixonado pela profissão e por cálculos, carrega vasta experiência ao ser aluno residente do médico pioneiro da cirurgia cardíaca no Brasil, Euryclides de Jesus Zerbini, e reconhecimento internacional ao integrar a equipe de Denton Arthur Cooley, no Instituto do Coração do Texas (Texas Heart Institute), um dos maiores serviços médicos do mundo.
Lysandro é natural de Recife (PE). Filho do fiscal de rendas Joaquim Hollanda Cavalcanti e da dona de casa Rita Moraes Hollanda Cavalcanti, nasceu em 20 de agosto de 1956. Sua história com a medicina e, consequentemente, a cardiologia, começou de um acaso, visto que diante do seu gosto pelos números e cálculos pretendia fazer engenharia. “Eu fui para os Estados Unidos antes de entrar na medicina e lá eu assisti um filme de coração. Quando assisti aquele filme entendi que aquilo era uma bomba de recalque, hidráulica pura. Então, eu comecei a estudar o coração e quando eu entrei na faculdade de medicina eu já sabia que iria trabalhar com cardiologia”, relembra.
Trocando a área de exatas pela saúde, sem deixar de lado a precisão que usa até hoje, Lysandro cursou medicina na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, hoje Universidade de Pernambuco, e continuou os estudos no Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca da USP (Universidade de São Paulo), na equipe do professor Euryclides, profissional pioneiro da cirurgia cardíaca no Brasil, conforme descreve o instituto que hoje leva o seu nome.
Tal habilidade com as mãos proporcionou outra grande experiência ao jovem profissional, fazer parte da equipe médica do cardiologista Denton Arthur Cooley, cirurgião norte-americano famoso por realizar o primeiro implante total de um coração artificial. Essa oportunidade, inclusive, foi direcionada pelo professor Zerbini, a qual o cirurgião tem um grande respeito, e custeada pelo tio Antônio Ermírio de Moraes. E, foi assim que o pernambucano desembarcou em um dos maiores serviços médicos do mundo, o Instituo do Coração do Texas (Texas Heart Institute), onde trabalhou durante cinco anos. “Eu era muito moço, só tinha 28 anos quando eu entrei naquela porta. Eu era um sujeito diferenciado, habilidade natural de fazer as coisas, além de ser muito rápido”, explica.
De volta ao Brasil, Lysandro atuou na Beneficência Portuguesa de São Paulo integrando a equipe médica de Zerbini. Sua história com a capital do oeste paulista e o Instituto do Coração de Presidente Prudente, iniciou em meados de 1994, quando chegou ao município para atuar como cirurgião. Fundado em 90, o instituto é especialista no atendimento clínico e cirúrgico de doenças cardíacas, considerado referência, um dos mais modernos centros médicos da cidade e região.
Construído junto à Santa Casa de Misericórdia, visa atender o paciente em todas as suas necessidades, do diagnóstico até o tratamento cirúrgico. “Aqui já somo mais de 4.350 procedimentos cirúrgicos do coração de média e alta complexidade, desde crianças, adultos e idosos. Um desses procedimentos é o de aneurisma de aorta – caracterizada pela dilatação anormal de uma artéria –, algo que agreguei muito conhecimento e experiência no Texas Heart Institute. Então, eu trouxe para cá e o nosso resultado tem sido bom. Eu diria um trabalho excelente para o Brasil”, frisa o médico.
Atualmente, Lysandro que é cirurgião-chefe e um dos sócios do instituto, afirma que o serviço de cirurgia cardíaca tem um grande potencial no município. “Nós realizamos cirurgias que as pessoas nem imaginam como da crossa da aorta, um procedimento dos mais complicados, pois temos que ‘congelar o paciente’, por um capacete de gelo, fazer o procedimento enquanto está parado e com um time limit [tempo limite]. Temos um resultado excelente”, comenta.
O cirurgião cardiovascular afirma que qualquer procedimento exige um respeito absoluto do profissional. “Por incrível que pareça, hoje eu gosto de fazer os casos mais difíceis. Eu gosto de enfrentar casos que quase nenhum cirurgião quer operar. Essa é a minha personalidade, eu gosto de fazer coisas difíceis”, destaca. Mas, toda essa experiência não veio fácil. Segundo ele, para se tornar um cirurgião foi uma tarefa árdua, principalmente, pelo medo de errar. “O grande cirurgião tem medo de errar. Eu acho complicado um indivíduo arrogante, pois entendo que quanto mais experiente você fica, mais humilde você se torna. Afinal, ninguém é melhor que ninguém! A gente vai aprendendo que, quanto mais nos aproximamos da perfeição, mais a gente entende que está longe dela. Eu acho que é assim”, completa o cirurgião.
O homem de personalidade forte, apaixonado por leitura, viagens e conhecimento, descreve que o sucesso na profissão é construído através do trabalho, ou seja, é como os americanos dizem no pain, no gain (sem dor, sem ganho). “Quem tem vontade, já tem a metade. O querer é a coisa mais importante do mundo. Hoje, eu acho que tudo que pedi a Deus Ele já me deu, mais até do que mereci”, acentua.
Lysandro diz que a cirurgia cardíaca foi a área médica que mais evoluiu nos últimos 50 anos no mundo, com procedimentos que não eram nem possíveis de se imaginar há 100 anos. Hoje, mesmo em meio à pandemia que afetou os serviços cirúrgicos, almeja que os procedimentos voltem a ser realizados todos os dias. “Eu tenho muita coisa para fazer”, brinca o médico.
A paixão pela medicina e pelos números também foi passada para os dois primeiros filhos que atualmente moram nos Estados Unidos – Stefanie é médica e faz residência em psiquiatria em Houston, cidade no Texas, e Nicholas atua como engenheiro químico. Lysandro é casado com a médica anestesista Luciana Maria Baptistela e pai do jovem Leonardo Baptistela, este adepto às novas tecnologias.
“QUANTO MAIS EXPERIENTE VOCÊ FICA, MAIS HUMILDE VOCÊ SE TORNA”
Lysandro Hollanda Cavalcanti
Fotos: Cedidas/ Arquivo Pessoal
Lysandro integrou a equipe de Denton Arthur Cooley, no Texas Heart Institute, um dos maiores serviços médicos do mundo
O cirurgião com a esposa Luciana Maria Baptistela e os filhos: a médica Stefanie, o engenheiro químico Nicholas e Leonardo, este adepto às novas tecnologias
