Miguel Rosa dos Santos conquista 1ª medalha de ouro ao Brasil na GJMOC

Garoto prodígio colocou o país em destaque no cenário internacional da matemática olímpica durante a Global Junior Mathematic Online Competition

PRUDENTE - Cassia Motta

Data 03/12/2025
Horário 05:12
Foto: Cedida
Miguel Rosa dos Santos é ouro no Desafio Global Junior de Matemática
Miguel Rosa dos Santos é ouro no Desafio Global Junior de Matemática

O prudentino Miguel Rosa dos Santos de 10 anos conseguiu mais um grande feito. O garoto prodígio conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil, na competição olímpica GJMOC (Global Junior Mathematic Online Competition).

Segundo a mãe de Miguel, Josiane Luzia Mendonça dos Santos, o desempenho do menino na GJMOC foi “extraordinário e histórico”. Ele conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil na GJMOC e, ao atingir “perfect score”, acertando todas as questões, garantiu também o 1º lugar no ranking mundial. “Trata-se de um marco não apenas pessoal, mas nacional, pois coloca o Brasil em posição de destaque em uma competição de altíssimo nível, com participantes de vários países”, dimensiona a mãe.

De acordo com Josiane, Miguel, que é autista e possui altas habilidades/superdotação, demonstrou mais uma vez sua forma singular de pensar: um raciocínio rápido, estruturado, criativo e profundamente focado. Sua capacidade de construir estratégias eficientes para resolver problemas complexos mostra maturidade intelectual e domínio dos conteúdos muito acima da média para a idade.

“Esse resultado também é reflexo direto do apoio contínuo da família, que oferece segurança emocional, incentivo diário e um ambiente que respeita seu jeito único de ser e aprender”. Josiane também credita o sucesso do filho à escola Sesi (Serviço Social da Indústria), onde o garoto estuda, que, segundo ela, desempenha um papel essencial ao garantir oportunidades de participação em competições, apoio institucional e acesso a experiências que ampliam seu repertório acadêmico e social.

“Enfim, é a soma dessas forças, inclusão, talento, dedicação, família e escola, que permite que Miguel avance tão longe e represente Presidente Prudente e o Brasil com excelência”, enfantiza a mãe.

Oportunidade

Josiane conta que a participação do Miguel na GJMOC surgiu a partir de seu envolvimento constante em olimpíadas internacionais de conhecimento. Ao longo dos últimos três anos, ele acumulou 181 medalhas e resultados de destaque em diferentes competições e áreas do conhecimento, o que fez com que seu nome passasse a circular entre instituições e avaliadores internacionais, ampliando seu percurso em avaliações globais de alta complexidade.

No ano passado, na mesma competição, apenas oito brasileiros conquistaram medalha de bronze, e Miguel foi um desses oito, o que reforçou ainda mais seu potencial e abriu caminho para desafios maiores. “Para esta edição, o Sesi arcou com a inscrição, possibilitando que Miguel competisse oficialmente ao lado de outros estudantes brasileiros e também de participantes de diversos países, em igualdade de condições e visibilidade internacional”.

Como funciona

A GJMOC é realizada em formato digital, com aplicação simultânea para diversos países e seguindo rígidos protocolos internacionais de segurança. A plataforma utilizada grava a tela do participante, o áudio e todo o ambiente ao redor, garantindo a lisura da competição. Além disso, o candidato precisa utilizar câmeras adicionais para monitoramento do vídeo e do som do espaço em que a prova está sendo realizada.

Durante o exame, os participantes resolvem problemas matemáticos de lógica, criatividade e raciocínio avançado dentro de um tempo limitado. Miguel participou de casa, com total aderência às normas, mantendo concentração e serenidade do início ao fim.

Importância

O resultado do Miguel coloca o Brasil em destaque no cenário internacional da matemática olímpica para jovens, mostrando que o país tem talentos capazes de competir e liderar rankings globais com excelência. 

A mãe ressalta que a conquista do garoto não traz apenas uma medalha; traz um troféu inédito para o Brasil. Para Miguel, o resultado representa mais um passo significativo em seu projeto de vida como futuro aluno do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e engenheiro aeroespacial, reafirmando sua dedicação em transformar curiosidade em conhecimento. “Mas a importância vai além do individual: a vitória reforça a necessidade urgente de identificar, estimular e incluir estudantes neurodivergentes, especialmente aqueles com autismo e altas habilidades/superdotação, garantindo acesso a oportunidades que permitam o desenvolvimento pleno de seus potenciais”.

Josiane conta que há algo simbólico e profundamente potente nessa conquista. “Miguel costuma dizer que ‘a matemática não vê rótulos; ela é inclusiva’. O fato de um estudante autista ocupar o primeiro lugar mundial confirma exatamente isso: o talento floresce onde há oportunidade, acolhimento e respeito à singularidade”.

Desafios

Estamos em dezembro de 2025, praticamente fim do ano, mas. para Miguel. ainda há provas a serem disputadas. Ele ainda aguarda o resultado de oito olimpíadas, entre nacionais e internacionais, e vai realizar mais três provas até o fim do calendário. Cada uma delas representa um novo campo de desafios e descobertas, algo que ele abraça com genuína alegria.

Para 2026, Josiane prevê um horizonte ainda mais amplo e desafiador. Com as medalhas conquistadas neste segundo semestre, Miguel já recebeu convites oficiais para participar de etapas globais em Houston (EUA), Nova York (EUA), Singapura, Tailândia e China, competindo ao lado dos melhores estudantes do mundo. “A família tem expectativa de que ele possa participar, mas depende de apoio financeiro, já que essas fases presenciais exigem investimento alto para representar o Brasil”.

Além disso, estão previstas cerca de 60 olimpíadas ao longo do ano, entre nacionais e internacionais, algumas presenciais em polos brasileiros e outras online com monitoramento. Elas contemplam matemática, astronomia, física, ciências, nanotecnologia, química, literatura, lógica e tecnologia.

Miguel também seguirá envolvido em projetos de astronomia, como o Caça Asteroides (NASA/MCTI/IASC), além de atividades de cultura maker, robótica, ciência aplicada, tecnologia e hackathons internacionais, que são áreas que alimentam sua criatividade e consolidam seu projeto de vida na engenharia aeroespacial. “A sensação é que cada competição abre uma porta, e cada porta revela um universo inteiro que ele deseja explorar, e esse impulso vem dele, de sua curiosidade natural, do prazer genuíno em aprender e do modo como enxerga o conhecimento como uma aventura sem fim. Participar dessas olimpíadas faz parte de quem o Miguel é, do que ele gosta profundamente de fazer. Como família, respeitamos seu ritmo, seus interesses e seus sonhos, e o apoiamos em tudo o que podemos, garantindo que ele avance sem perder a alegria e o encantamento que o movem”, afirma a mãe.

Foto: Cedida


Garoto prodígio tem ainda mais três provas até final do ano

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