Nesta quinta-feira, a banda prudentina Mocambo Groove lança seu mais novo single e videoclipe, “Sai”, dando sequência ao álbum híbrido “Ziriguibaquefreveletrickdrum”. Esse é o 13º lançamento do projeto, e talvez o mais intenso — ou o mais denso.
“Sai” é uma música feita para os que pensam demais, para os que habitam suas próprias repetições mentais, para os que tentam fugir das ideias fixas, mas acabam voltando ao mesmo ponto de partida. Uma canção sobre paranoia, sim — mas também sobre o que pode nascer dela. Ao invés de conter o desequilíbrio, a banda se propõe a dançar com ele.
A música atravessa regiões harmônicas tensas, com uma melodia insistente, quase hipnótica, que se arrasta e retorna, como se quisesse repetir até desaparecer. Os versos não oferecem conforto. São espelhos tortos, reflexos da mente em suas horas mais inquietas. “Sai” soa como um grito contido, uma súplica ensurdecedora para que certos pensamentos finalmente parem de martelar — mesmo sabendo que não vão parar.
Um dos destaques da faixa é a participação de Éder “O” Rocha, percussionista pernambucano e referência nacional na pesquisa e reverberação dos ritmos brasileiros. Fundador da escola Prego Batido, Rocha contribui com uma fusão original de timbres e tradições: o pandeiro do choro, a zabumba dos caboclinhos, se entrelaçam de forma única, conduzindo a canção por um caminho de tensão e ancestralidade. É ritmo como pulsação emocional. É praticamente uma das paranoias representada no som, com retidão cíclica do pandeiro com a profundidade frenética da zabumba.
O clipe — que será lançado simultaneamente à música — foi pensado como uma extensão lírica da canção. Com direção sensível e uma produção cuidadosa, a obra audiovisual propõe mais perguntas do que respostas. Cada cena é como uma fresta dentro da mente, um ambiente onde o tempo gira em círculos e os rostos perdem nome. O roteiro, marcado por simbologias como portas, bilhetes e repetições visuais, transforma a paranoia em estética. É uma dança entre alteregos, máscaras sociais e o desejo desesperado de fuga.
Gravado ao longo de meses, com um time de profissionais que vai de Lucas Abdala (gravação e edição de imagens) a Augusto de Souza (assistência de iluminação e contrarregragem), passando por Lacerda Vibe (imagens aéreas) e Marcel Sachetti (fotografia de making of e capa), o videoclipe de “Sai” carrega uma densidade que ultrapassa o som. É um convite à vertigem, mas também uma obra feita com extremo cuidado estético.
Mais do que uma música ou um clipe, “Sai” é um ritual sonoro e visual que une a tradição e a experimentação, a rigidez do pensamento e a fluidez do som, a angústia e o movimento. É mais um passo na trajetória do “Ziriguibaquefreveletrickdrum” — um álbum que se recusa a caber em rótulos e prefere atravessar os gêneros com a liberdade de quem sabe de onde veio, e mesmo assim escolhe se reinventar.
Nesta sexta-feira, o público poderá conferir “Sai” nas principais plataformas de streaming, além do videoclipe completo no YouTube da banda. Aos que têm coragem de mergulhar na própria mente — o convite está feito.
Divulgação/Marcel Sachetti
Aos que têm coragem de mergulhar na própria mente — o convite está feito