Molécula sintética tem eficácia contra veneno da cobra-coral

Estudo tem participação de pesquisadores da Unoeste e fortalece tratativas para testes clínicos em humanos a fim de tratar envenenamentos ocorridos no Brasil

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 25/11/2021
Horário 13:18
Foto: Homéro Ferreira
Rosimeire Carvalho e Rafael Stuani Floriano fizeram parceria para contribuição inédita
Rosimeire Carvalho e Rafael Stuani Floriano fizeram parceria para contribuição inédita

O uso da molécula sintética varespladib no tratamento de envenenamento por serpentes é uma droga pesquisada por cientistas de vários países, sendo que na Ásia e nos Estados Unidos está em estudos pré-clínicos. Agora, surge uma contribuição inédita relacionada ao veneno de cobra-coral e que mostra a eficácia da ação protetora da molécula aplicada isoladamente ou em associação com soro antielapídico. A relevância do estudo conduzido por Rafael Stuani Floriano, pesquisador vinculado à Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), resulta em publicação na revista de alto impacto científico Toxicology Letteres, da Eurotox (Federação Europeia de Toxicologistas e Sociedades Europeias de Toxicologia).

O artigo tem como autora principal a psicóloga Rosimeire da Silva Carvalho, que está concluindo o mestrado em Ciências da Saúde na Unoeste, e os dados foram extraídos da pesquisa supervisionada por Rafael em conjunto com Edward Gerard Rowan, do SIPBS (Instituto Strathclyde de Farmácia e Ciências Biomédicas), centro de pesquisa da University of Strathclyde, de Glasgow, na Escócia. Estudo desenvolvido com a participação de outros pesquisadores brasileiros e do exterior, incluindo o envolvimento de estudantes em iniciação científica de três cursos de graduação ofertados pela Unoeste: Biomedicina, Farmácia e Ciências Biológicas.

"Nosso estudo trata da investigação mais completa envolvendo a ação protetora do varespladib como terapia isolada ou em associação com um antiveneno comercial frente ao envenenamento ofídico experimental. Embora já existam acordos para testes pré-clínicos na Ásia e Estados Unidos, o uso de varespladib como terapia de suporte ao antiveneno comercial, ou mesmo em sua substituição, ainda carece de mais investigações. Nossos dados contribuirão para fortalecer as tratativas para testes clínicos em humanos a fim de tratar envenenamentos ocorridos no Brasil", explica Rafael.

Para além do tratamento

A mestranda diz que a pesquisa contribuiu para demonstrar que, além do tratamento convencional com soro antielapídico, a droga varespladib tem grande potencial terapêutico para prevenir os efeitos e danos do envenenamento por cobra-coral. "Nossos achados fortalecem as tratativas de emprego desta droga em estudos pré-clínicos no Brasil para tratamento de acidentes ofídicos", afirma e conta que aceitou o convite dos pesquisadores por ser uma oportunidade de entender mais sobre a farmacologia em suas aplicações no contexto da saúde em geral. Dentre os envolvidos em iniciação científica, está o bolsista Matheus Zanutto Gaspar, do curso de Biomedicina.

Matheus conta que se interessou pela pesquisa por meio das aulas do professor Rafael e daí surgiu o convite para participar. "Gostei muito da área da pesquisa. Então, para mim significa um caminho a seguir daqui para frente", pontua e classifica como fundamental o incentivo financeiro por meio da bolsa da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Matheus é de Presidente Venceslau, onde fez o ensino médio no Colégio Escoteco e na Escola Estadual Antônio Marinho. Conta que decidiu estudar na Unoeste quando ouviu uma pessoa formada em Biomedicina falando bem do curso, no qual acabou entrando e gostando muito, mesmo com algumas dificuldades decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

Envolvimentos importantes

O estudo que resultou no artigo "O tratamento in vivo com varespladib, um inibidor da fosfolipase A2, previne a neurotoxidade periférica e distúrbios sistêmicos induzidos pelo veneno de Micrurus corallinus [cobra-coral] em ratos" também contou com as colaborações de Bruno Lomonte, do Instituto Clodomiro Picado, da Universidade de Costa Rica, em San José, um dos maiores especialistas em venenos e toxinas de cobras-corais do mundo e uma das principais referências no estudo da ação antiveneno da droga varespladib; e de Nelson Jorge Silva Junior, da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) de Goiás e um dos principais parceiros nacionais do grupo de pesquisa Centre for Research on Toxinology.

Ainda há o importante envolvimento das pesquisadoras Cecília Laposy Santarém e Elisangela Olegário Silva, ambas vinculadas à Unoeste; e Juliana Rubiera Gerez, da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Na graduação da Unoeste, pelo curso de Ciências Biológicas, estão Maria Clara Zerbinatti, Luís Gustavo Gomes Lobo e Luiz Henrique Bovis de Quadros; e pelo curso de Farmácia, Letícia Martins Rogério e Najla Thaila Soledade dos Santos. O artigo está publicado com o título "In vivo treatment with varespladib, a phospholipase A2 inhibitor, prevents the peripheral neurotoxicity and systemic disorders induced by Micrurus corallinus [coral snake] venom in rats".

Serviço

O artigo está disponível clicando aqui.

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