Pedras arremessadas, pneus queimados, muita tensão, emoção e lágrimas foi o resumo do protesto realizado na manhã de ontem, por moradores de diversos bairros e distritos da zona norte de Presidente Prudente, que exigiam a retirada da ciclovia implantada em junho, na Rua Alvino Gomes Teixeira, próximo ao Brasil Novo. De acordo com os manifestantes, ela teria causado o acidente que levou à morte de Marcio Aparecido Rosa, o Tiquinho, 35 anos. "Se não acontecesse uma coisa dessas com meu irmão e se não no movimentássemos como fizemos hoje , tudo ia continuar do mesmo jeito e mais vidas seriam perdidas", afirmou o irmão da vítima ainda no local da manifestação, Vanderlei Aparecido Oliveira da Silva, 22 anos.

Pneus foram queimados e a PM foi recebida a pedradas, ontem
Cerca de 50 carros e ao menos 30 motocicletas deixaram o distrito de Montalvão, onde morava a vítima do acidente registrado na noite de quinta-feira, e se dirigiram até a ciclovia. O barulho começou ainda no trajeto e, ao chegarem no local, com cartazes que revelavam o luto pela morte do colega, os moradores gritavam por justiça e, com marretas, começaram a quebrar os dispositivos de concreto que serviam para isolar o trecho demarcado para a ciclovia. Eles alegam que Marcio Rosa caiu de sua moto sobre um desses objetos, o que teria agravado os ferimentos causados pelo acidente.
Em seguida, a população, até então observada à distância por dois policiais militares em apenas uma viatura, bloqueou a rua com pneus, que foram imediatamente incendiados. O clima foi ficando mais tenso e, mais policiais militares se aproximaram e foram recebidos a pedradas, recuando em seguida. Apenas com a chegada de reforços e a utilização de bombas de dispersão pela PM, lideranças do grupo, de pelo menos 200 manifestantes, negociaram o fim do protesto, que terminou por volta das 11h15. Eles ainda formaram uma grande roda e rezaram em homenagem ao colega morto no acidente.
Às 11h40, o trânsito no local já havia sido liberado e policiais militares informaram que duas pessoas, que estariam liderando os revoltosos, foram identificadas e devem responder por dano ao patrimônio público. "Ainda vamos aguardar a perícia, que vai dizer se o acidente foi por conta da presença da ciclovia", destaca o secretário Municipal de Comunicação, Marcos Tadeu Cavalcante Pereira. "Não vamos ceder à pressão e vamos implantar os 42 km de ciclovias em Prudente, mas como é um processo civilizado, podemos rever determinadas rotas e vamos exigir os reparos para os danos causados hoje ", completa.
Revolta contra a ciclovia
No calor da manifestação, moradores dos bairros próximos à ciclovia demonstram sua revolta contra a sua presença naquela região. "Eu moro no Jardim Maracanã, participo de um grupo de ciclismo, venho sempre de bicicleta para os distritos e isso aqui é uma roleta russa, eu prefiro ir ali pela beira da calçada do que aqui pelo meio", relata o garçom Wellington de Souza Neves, 30 anos, apontando para a ciclovia que divide a Rua Alvino Gomes Teixeira. "Isso aqui não está resolvendo nada, porque ninguém quer colocar a bicicleta no meio disso aí", emendou o padeiro e morador de Montalvão, Sidney Leandro, 30 anos.
Para o funcionário público Antônio Curelio Jurazeky, 46 anos, a população não foi ouvida sobre a obra. "Faltou planejamento. Tem que tirar isso aqui de uma vez por todas, a via ficou muito estreita e ainda é permitido estacionar, aí você acaba jogando para o lado e fechando quem vem de trás, que não tem para onde ir", relata.