Não é de hoje que diversos profissionais da área da saúde recomendam exercícios físicos regularmente. No caso da psicologia, podemos ver uma crescente na valorização da atividade física como uma parte fundamental no tratamento de doenças mentais e na prevenção das mesmas.
Durante a prática de exercícios, o organismo libera neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e as endorfinas, substâncias associadas à sensação de bem-estar, prazer e alívio do estresse. Esses neurotransmissores desempenham um papel essencial em quadros de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais, que muitas vezes podem estar relacionados a desequilíbrios nessas substâncias.
Além disso, a atividade física tem efeitos diretos sobre o sistema nervoso central. Ela ajuda a reduzir os níveis do cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, e melhora a qualidade do sono, um fator fundamental para a estabilidade emocional. Muitas pessoas que sofrem com transtornos mentais relatam dificuldades para dormir, o que pode agravar ainda mais os sintomas.
Tendo em mente essa lista de benefícios, podemos pensar em ganhos secundários quando falamos sobre se comprometer a uma rotina com movimento. Quando uma pessoa decide se dedicar a uma rotina de exercícios, ela desenvolve disciplina, senso de responsabilidade e, principalmente, um espaço de cuidado consigo mesma. Esses comportamentos são frequentemente trabalhados na terapia como parte do fortalecimento da autoestima e do autoconhecimento. Em outras palavras, movimentar o corpo é também uma forma de se reconectar com ele e de se reconhecer como agente ativo da própria saúde.
Outro aspecto relevante é a dimensão social da atividade física. A prática de esportes em grupo, aulas coletivas ou até mesmo uma caminhada ao ar livre podem reduzir o isolamento social, um fator de risco importante para o agravamento de transtornos mentais. O contato com outras pessoas, a troca de experiências e o sentimento de pertencimento são fundamentais para a construção da saúde emocional.
Diante de todos esses benefícios, a psicologia passou a incluir a atividade física não como uma solução isolada, mas como uma aliada valiosa no processo terapêutico. Ela não substitui a psicoterapia nem, quando necessário, o uso de medicações, mas complementa o tratamento de forma significativa. Ao promover equilíbrio químico, bem-estar emocional e melhora na qualidade de vida, o exercício físico se torna um recurso terapêutico acessível, eficaz e com poucos efeitos colaterais.
Por isso, cada vez mais recomenda-se, dentro dos limites e possibilidades de cada paciente, a inclusão de alguma forma de atividade física na rotina. Afinal, cuidar da mente também é cuidar do corpo — e vice-versa.