Movimento quer apoio popular em defesa de bairro

Para Comissão do Movimento em Defesa do Timburi, “deveria ter sido escolhida outra área mais indicada para receber aterro"

"O Timburi é um dos últimos bairros rurais que existem em Presidente Prudente e querem enterrar essa história embaixo de lixo, justamente quando a cidade completa 100 anos". É assim que o geógrafo e professor universitário Raul Borges Guimarães define a posição dos moradores diante da possibilidade de implantação de um aterro sanitário privado no local. Ele, que possui um sítio no bairro, foi escolhido juntamente com outros quatro representantes para compor a Comissão do Movimento em Defesa do Timburi, que empenha seus esforços para conseguir o apoio da população, de autoridades e de entidades para impedir a efetivação da medida. Também integra a comissão José Hilário Pasquini, proprietário de uma área no bairro e nascido no local, Inemo Jaime Ederli, Fernando Moreira e Valdinei Marques, todos produtores rurais e moradores do Timburi.

Jornal O Imparcial Ontem, 60 moradores do Timburi se encontram com Nelson Bugalho, na sede da Prudenprev

O EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento foi elaborado pela Destra Ambiental, que representa a Estre, responsável pela obra. Atualmente, o aterro está em fase de licenciamento prévio e o estudo será analisado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado). Uma audiência pública será realizada em 7 de março para tratar o tema, no auditório da 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Prudente, e só após o debate da proposta o relatório será avaliado pela agência ambiental.

A comissão aponta, no entanto, que deveria ter sido escolhida outra área mais indicada para receber o empreendimento, proporcionando o menor impacto ambiental e social à comunidade. "Sem dúvida, o local ideal não é o Timburi. O lençol freático é muito próximo à superfície e em perfurações de seis metros já é possível encontrar água", esclarece o simpatizante da causa, José Francisco Galindo Medina. Com isso, aponta que toda a cidade poderia ser prejudicada, já que o córrego do Timburi serve o Rio do Peixe, que hoje abastece 70% da população.

Na tarde de ontem, além da comissão, outras 60 pessoas estiveram na sede da Prudenprev (Sistema de Previdência dos Servidores Públicos Municipais de Presidente Prudente), onde se encontraram com o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB). "Tem muita gente falando em nome do movimento. Mas, somos um povo da paz. Não estamos falando que o empreendimento não é importante, mas o Timburi não foi citado nenhuma vez no Rima, que tem 600 páginas", reclama Raul.

 

Outro lado


Sobre o espaço escolhido, a Estre informou que avaliou algumas áreas na região, identificou as mais adequadas e só então adquiriu a área para realizar o EIA/Rima do CGR (Centro de Gerenciamento de Resíduos) que pretende implantar, justamente por não poder licenciar uma área que não possui. As restrições direcionaram inicialmente as buscas para o setor norte do município, e a partir dessa premissa, foram avaliados outros critérios técnicos ambientais, tais como, extensão superficial e configuração morfológica favorável, com possibilidade de não intervenção e APP (área de preservação permanente), que tivesse menor impacto quanto à necessidade de supressão de vegetação natural, e afastamento de comunidades.

O documento que aborda o impacto ambiental, segundo a Estre, demonstra que a área se mostrou adequada para o projeto, sem prejuízo de impacto ambiental. "O projeto do aterro sanitário e demais unidades do CGR foram elaboradas de forma que não haja interferência nas nascentes e nas suas APPs", explica. Ele prevê ainda a recuperação das áreas de APP, em trechos em que os estudos ambientais identificaram como necessários, e a preservação dos demais.

Sobre a área a ser escolhida para o empreendimento, Bugalho esclareceu que o município tem um desenho "um pouco complicado", pois é estreito. Frisou que na zona sul da cidade a instalação do CGR é inviável, pois uma área desapropriada para aterro próprio, anos atrás, foi aprovada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com devido estudo, mas a proximidade do Aeroporto Estadual impediu a instalação, pelo terreno estar a menos de 20 quilômetros de distância. "No lado oeste, Prudente está conurbado com Álvares Machado e, no leste, existe essa conurbação com Regente Feijó. Então, em tese, só a região norte comportaria um empreendimento desta natureza", declara.

Quanto ao Timburi não ser citado no EIA/Rima, a Geo Vision Soluções Ambientais e Energia, responsável pelo empreendimento, destaca que "o nome do bairro não aparece no estudo e no relatório, porque em sua elaboração foram utilizados os mapas oficiais do município disponibilizados pelo poder público local e nos mapas não há qualquer referência ao nome Timburi". "De qualquer forma, o fórum adequado para que a população se manifeste em relação ao estudo é a audiência pública agendada para o dia 7 de março".

 
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