“Um olhar poético sobre a saga da mulher periférica com as mais diversas vivências de superação e ternura”. Assim define Juliana Scorza, o tema de suas 19 obras inéditas, produzidas em um período de três meses, as quais serão expostas pela primeira vez, em Presidente Prudente, na mostra itinerante “Mulheres e suas histórias-Poéticas visual em arte Naif”. A exposição poderá ser conferida, a partir de segunda-feira, dia 5 de fevereiro, no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Praça CEU, no Parque Alvorada, onde ficará até o dia 26 de fevereiro.
Já do dia 28 de fevereiro até 13 de março, as telas seguem para o Cras Morada do Sol, encerrando as exibições de 15 a 29 de março, no Cras Augusto de Paula. A visitação é gratuita e pode ser feita por toda comunidade, de segunda à sexta-feira, das 9h às 16h.
“O objetivo da mostra itinerante é de facilitar o acesso da população às manifestações artístico-culturais, mais especificamente a terem acesso a uma exposição de artes visuais em seu local de morada e convívio”, diz a artista sobre o projeto, que é contemplado pelo edital Programa Cultura e Arte por toda parte, realizado pela Secretaria da Cultura de Prudente.
Conta que a temática foi escolhida com o intuito de sensibilizar as mulheres para questões sociais no meio onde estão inseridas. “Se deu, primeiro, por eu ser uma mulher, artista, por ter um olhar particular sobre o tema, e fazer parte dessa representatividade. E, particularmente, por ter vivido em algum momento da vida algum tema inserido nas obras expostas”, relata.
Maternidade, aborto, violência doméstica, assédio, tarefas domésticas, e muitas outras questões relacionadas à vida e ao cotidiano das mulheres brasileiras compõem as obras. “Outro fator importante é que o público feminino pode se identificar com as obras representadas. A mulher, como um todo, a que cuida, trabalha, a mulher com sua origem e como ser marginalizado, como ser real e sagrado. Todas elas, em seu íntimo, carregam o desejo de romper com as injustiças e construírem livres a sua história”, complementa.
Scorza explica que o trabalho foi feito através da arte naif, palavra de origem francesa, que significa “ingênuo”. “A arte naif é um tipo de arte popular espontânea, com cores fortes, vibrantes, com traços quase infantis. Os artistas naifs retratam figurativamente o que sentem e o que vêm, valorizam a representação de temas cotidianos e manifestações culturais do povo. Segundo alguns curadores, os artistas naifs pintam com alegria e com a alma. Este estilo tem apelo lúdico de fácil identificação e interpretação, o que facilita o acesso à arte nas comunidades periféricas. É através dessa expressão que esta exposição foi produzida e realizada”, promove.
Sobre a escolhas dos Cras para realização de sua mostra itinerante, a artista revela que a seleção se deu por se tratar de unidades que atendem principalmente as mulheres. “E, também, por ser uma população de pouco acesso a centros culturais, com exposições de artes visuais. Então, achei importante a exposição ir até o espaço delas e da comunidade ao redor e, muito mais interessante, poder circular por outros Cras da cidade, fazendo dessa mostra uma itinerância em três centros da cidade”, comemora.