Na época da Pátria amada 

OPINIÃO - Rodrigo Alves de Carvalho

Data 07/09/2023
Horário 04:30

Essa semana é dedicada às comemorações à Pátria. E nos últimos tempos, temos ouvido muito essas palavras: Pátria, patriotismo, patriotas... 
Mas, sem querer entrar em conotações políticas ou ideologias furadas e antiquadas, que não fazem mais sentido em um mundo globalizado, prefiro falar das lembranças de uma Pátria mais civilizada, onde o objetivo comum era o orgulho à nossa terra, e não aos politiqueiros. 
Do patriotismo da época de menino onde tínhamos que desfilar pelas ruas, no dia 7 de setembro, atrás de uma fanfarra, para ganhar pontos na escola. Aquilo sim, era patriotismo. 
Acordar de manhã em pleno feriado de 7 de setembro, ficar esperando o momento de começar o desfile e geralmente, quando o sol já estava bem forte e causticante, começávamos a marchar, sincronizando os passos com os colegas da fila indiana, braços, pernas e pés ao mesmo tempo, ao som das caixas, do bumbo, dos surdos e dos pratos. 
Que sentimento feliz! Patriota de Kichute, descendo a rua em ladeira, ao som do brado retumbante, um verdadeiro soldado de nove anos, marchando, indo em direção à glória... 
Mas, alguém tinha que pisar no calcanhar e o Kichute sair do pé. 
A marcha descompassada, arrastada, o calçado pendurado pelo cordão em volta da canela, e o desfile que segue. 
Marcha soldado, com um pé calçado e o outro só com a meia branca furada no dedão. 
Meninos que riem... Pessoas segurando a risada... E o soldado não para, continua a marchar. 
Somente quando uma das professoras percebe o acontecido, é que sou retirado da fila de marchadores para recolocar o calçado, para depois, voltar correndo ao meu posto, com o peito estufado, corpo em movimento, como se nada tivesse acontecido. 
Bandeirinhas do Brasil agitadas na praça, discurso do prefeito, vereadores e até do padre, enquanto o sol esturricava e a criançada esperando o blábláblá para poder, enfim, tomar um gole d’água. Após os balões subirem aos céus e os fogos espocarem, os patriotazinhos são liberados para encontrarem com seus pais, e seguirem para casa, balançando a bandeirinha do Brasil, com a satisfação do dever cumprido. 
Que saudades da época em que havia coerência em sentirmos orgulho de nossa Pátria! 
 

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