Natais

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 23/12/2025
Horário 07:05

Acho que eu sempre gostei mais do Natal do que do meu aniversário. Tenho bem fresco ainda o cheiro que perfumava a casa com a comida que a mãe fazia. Especialmente o frango assado e tinha também um pernil. Até hoje, em qualquer época do ano, cheiro de pernil, para mim, é cheiro de Natal. Dos meus Natais. 

Lá pelas 10 da manhã do dia 24 eu já começava a observar a movimentação. Se havia parentes em casa, mais legal ainda. O café da manhã improvisado, o barulho das pessoas, o pão que chegava fresco lá da padaria Santo Antônio e a mortadela cheirosa que passava de mão em mão. Minha mãe tinha que coar café pelo menos umas duas vezes.

Depois disso começava o trabalho todo. O pai ia e voltava do supermercado. Esse era o dia em que ele mais andava e às vezes eu ia com ele. Chegava no mercado e achava legal aquela confusão toda. Gente pegando o que tinha, comprando alguns presentes de última hora, mas, sobretudo, eram maridos que precisavam cumprir a missão dada pelas esposas. Era um tal de olhar desconfiado para os papéis: “Uva passa branca ou preta? Damasco? Pistache? Essa mulher tá doida...”

Eu ajudava como podia, mas eu queria mesmo era voltar. Era na casa que a magia já começava e depois de um almoço rápido, às vezes um churrasco bem ligeiro, era hora de se preparar para a noite dos presentes. 

Eu nunca fui de esperar grandes presentes, não por nada ou condição financeira, mas nunca fiquei ansioso se o Papai Noel ia me trazer algo à altura do que eu merecia. Ele sempre me trouxe algo bom. 

Se bem que me lembro de alguns dos presentes, especialmente a minha bicicleta Monareta verde e do meu skate. Foi o primeiro skate da cidade. Eu sabia andar? Óbvio que não. Se minha mãe soubesse o risco, nunca teria me dado aquela arma.

Ah, estava esquecendo a melhor das lembranças. Embora alguém possa achar absurdo, eu vou confessar: eu já vi o Papai Noel. Não, não era um dos meus tios ou meu pai, que sempre se vestiam assim. Eu já vi mesmo. Foi no dia da bicicleta. Eu lembro que a magrela foi deixada embaixo da minha janela, no corredor da casa e quando eu olhei, percebi um vulto subindo o muro de casa e indo para o lote vazio vizinho. Não era algum de nós. Era ele sim. 

Não sei se você acredita nisso, nem sei se eu acredito nisso, mas eu gosto de pensar que o Natal bom é assim, aquele que traz memórias. E embora hoje a data não seja exatamente igual, ela tem outros sabores e especialmente a sensação boa de que algo novo vem por aí e que devemos renascer nos corações essa mesma criança que lembra de tudo, dos detalhes da vida, que acredita bom velhinho, que acredita em Deus mesmo, no filho Dele que mais uma vez vem ao mundo para nos trazer amor e paz. Que saibamos aproveitar! Feliz Natal a todos! 

Publicidade

Veja também