No 2º dia após cirurgia de separação, gêmeas de Piquerobi apresentam boa evolução, aponta boletim

Segundo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Allana e Mariah continuam sedadas, sob cuidados intensivos e acompanhadas dos pais

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 22/08/2023
Horário 16:56
Foto: Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
Gêmeas então unidas pelo crânio foram totalmente separadas durante cirurgia de quase 25 horas
Gêmeas então unidas pelo crânio foram totalmente separadas durante cirurgia de quase 25 horas

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (SP) informou que nesta terça-feira, segundo dia após a cirurgia final de separação das gêmeas de Piquerobi antes unidas pelo crânio, Allana e Mariah seguem apresentando boa evolução.

Na tarde desta segunda-feira, os médicos refizeram os curativos. "As meninas continuam sedadas, sob cuidados intensivos e acompanhadas dos pais", completou a instituição em boletim enviado à imprensa.

Terminou às 8h de domingo a última cirurgia para separação total das gêmeas de 2 anos e 8 meses. O procedimento, que começou no sábado, durou cerca de 25 horas e envolveu 50 profissionais.

A equipe de neurocirurgia do hospital, liderada pelo médico Hélio Rubens Machado, fez a dissecção de cerca de 25% dos vasos sanguíneos restantes. Os demais 75% já haviam sido separados nas três neurocirurgias anteriores, que ocorreram em agosto e novembro de 2022 e março deste ano.

A equipe da cirurgia plástica, liderada pelo médico Jayme Farina Junior, foi responsável pela cranioplastia. O procedimento fez o fechamento da calota craniana e da pele que recobre a cabeça de cada uma das meninas.

A técnica utilizada foi desenvolvida e aprimorada pelo médico norte-americano James Goodrich. “Até os anos 1990, a cirurgia era realizada em só uma oportunidade. Com isso, os cirurgiões passavam de 24 até 36 horas no centro cirúrgico e os resultados não eram efetivos, já que fazer a separação de toda a circulação que se comunica parcialmente em uma única vez trazia um sério comprometimento cerebral para as crianças e poucas sobreviviam”, explica o chefe do setor de Neurocirurgia Pediátrica, Hélio Rubens Machado. “Assim, ele [Goodrich] desenvolveu a técnica chamada de estagiada: são quatro etapas como se fossem os pontos cardeais, completando todo o perímetro”, completa.

A equipe multidisciplinar acompanha as meninas desde 2021, quando ainda estavam na barriga da mãe.

Incidência rara

A incidência de gêmeos unidos pela cabeça é extremamente rara, representando um caso em cada 2,5 milhões de nascimentos.  

No Brasil, a primeira separação de siamesas craniópagas, as gêmeas Maria Ysadora e Maria Ysabelle, ocorreu em outubro de 2018 – após cinco procedimentos cirúrgicos – pela equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O caso foi acompanhado pelo próprio médico James Goodrich, referência internacional em intervenções com gêmeos siameses e que faleceu por Covid-19 em 2020. 

Foto: Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - Siamesas de Piquerobi foram totalmente separadas; no centro, os pais das meninas, Talita e Vinicius

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