Nós e a História

OPINIÃO - Érica de Campos Visentini

Data 31/03/2022
Horário 04:30

Sim, História com letra maiúscula para indicar que estamos falando da História ciência, aquela que estuda o passado com teorias e métodos próprios, que é ensinada nas escolas e que deveria ser a fonte do que se comenta nos bares, dos argumentos que são usados nos debates entre amigos, das informações necessárias para nos ajudar a atender a enxurrada de notícias que recebemos todos os dias.
Atualmente estamos ficando “craques” em Ucrânia e Rússia, pois o conflito entre esses países nos fez tentar lembrar o que sabíamos sobre eles e/ou pesquisar o que precisamos saber sobre eles para entender o que está acontecendo. Muita gente se lamentou por não ter prestado a atenção suficiente nas aulas de História, outros mesmo sabendo uma “coisinha ou outra” ainda se sentem incapazes de compreender essa situação tão complexa.
É diante de fatos emblemáticos que somos confrontados com nossa formação intelectual e cultural, que passa sim pelos bancos das escolas, mas se trata de algo social, que é vivido no dia a dia, na prática cotidiana dos lares, nas atividades realizadas que trazem o mundo para nossa casa.
Nesse embate entre o conhecimento formal e o senso comum é que se forma nossa consciência histórica. Jörn Rüsen explica que consciência histórica são as operações mentais com as quais o homem entende a si e ao mundo a sua volta, e a partir das quais faz suas escolhas e toma suas decisões.
A maneira como vivemos nosso dia a dia, os pensamentos que temos sobre diferentes temas, as expectativas que criamos diante dos acontecimentos, precisam estar embasadas em conhecimento sólido, em informações precisas, em argumentos que se sustentem, ou seja, a nossa consciência histórica deve ser “alimentada” pelo conhecimento histórico, pela ciência histórica.
A História está disponível nos livros escritos por especialistas, em artigos publicados em revistas, nas aulas dos professores (tanto nas escolas e universidade quanto os do Youtube e Facebook), em filmes, seriados e novelas, em games, em programas de entretenimento.
Então, o desafio hoje não é ter acesso à informação, mas sim como lidar com tanta informação!
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer parâmetros críticos. Isso se forma através da leitura e interpretação de textos e da atividade crítico–reflexiva. Procure pelas referências no assunto, aqueles que são especialistas, que têm suas falas rebatidas por seus pares, que já tiveram que estudar e pensar bastante para poder oferecer algo. E aos poucos vá construindo a sua base de informação, vá comparando e avaliando tudo o que você vê e ouve por aí.
Em segundo lugar, converse sobre História: faça a ligação da sua vida com os fatos históricos, discuta os temas atuais a partir de sua historicidade, permita que o senso comum seja ampliado pelo conhecimento científico, estabeleça pontes entre a vida cotidiana e as ciências como um todo.
Dessa maneira nossa consciência histórica nos tornará mais maduros, mais críticos e mais audazes para vivermos nesse tempo tão intenso e tão cheio de expectativas.
 

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